Todas as postagens desse blog, são de inteira responsabilidade do colaborador que a fez e refletem apenas a sua opinião.
Caso você tenha interesse em colaborar com esse Blog, por favor, envie uma mensagem para redator@ame-rio.org

sexta-feira, 12 de março de 2010

Uruçus Híbridas ou Parasitismo Social

O nosso amigo Marco Pignatari, do Meliponário Abelha Brasil e vice-presidente da nossa congênere - AME-SAMPA, enviou há alguns dias uma mensagem para o Grupo ABENA, que achei bastante curiosa, e resolvi transformá-la em um post, principalmente pela beleza das imagens e pelo possível interesse que o assunto venha a despertar.

Vamos ver a mensagem enviada pelo Marco:

"Tenho uma colônia aqui, que era uruçu-verdadeiro pura, Melipona scutellaris, e de repente começaram a apareçer uruçus-amarelo, Melipona rufiventris, dentro desta colônia". 



"Não sei se estão hibridas a ponto de dizer que estão transformadas, pois o que vejo são as amarelas e as verdadeiras juntas e com a aparência de sempre".







Pode ser que com olhos mais treinados alguem veja alguma diferença, mas eu não arreparei, rsrsrs




"Parece, é que a rainha pode ter sido fecundada por dois machos, um das verdadeiras e um das amarelas". 



"E faz postura, tanto de uruçus verdadeiras puras, como de uruçus-amarelo, que podem estar meio diferentes, mas eu mesmo não me atentei bem aos detalhes".



"De mais de 100 colônias divididas só aconteceu com esta, então não vejo motivo para preocupação e olha que as minhas abelhas vivem lado a lado".

"Abraços e tudo de bom"






Já o Henrique Cardoso Ribeiro, meliponicultor experiente e também integrante do grupo Abena, respondeu indicando ao grupo uma fonte de consulta:

"A respeito desse assunto, pode ser interessante a leitura do trecho que destaco a seguir do livro do mestre PNN:"

"O parasitismo social temporário, um caso de substituição de rainhas
Leonardo da Senhora das Dores Castello-Branco (1845 p-56) pioneiro pesquisador e divulgador da criação de abelhas indígenas na Federação Brasileira, ao discursar sobre as abelhas da "Província do Piauhy no Império do Brasil", referiu-se também à URUÇU AMARELA (hoje classificada como Melipona rufiventris). Segundo esse autor, entre outras características, essa abelha se apodera "... e em boa paz, do cortiço das tiubas mais mansas, ou menos expertas, as quais sofrem os roubos da sua hóspede por algum tempo, mas finalmente desconfiam e tomão o partido de se irem embora." (TIÚBA = Melipona compressipes). 

Tive ocasião de verificar, em Luziânia (GO), que em duas de minhas colônias de URUÇU NORDESTINA {Melipona scutellaris), em diferentes ocasiões havia, pacificamente integradas nessas colônias, um certo número de exemplares de URUÇU AMARELA. No primeiro caso a colônia estava fraca e pereceu. No segundo caso, também a princípio as abelhas da espécie URUÇU AMARELA eram poucas, mas depois se tornaram as únicas abelhas de uma forte colônia. A minha interpretação é a seguinte. Uma rainha nova, fecundada, de URUÇU AMARELA (nesse caso, Melipona rufiventris rufiventris) certamente invadiu a colônia, medianamente forte, de URUÇU NORDESTINA. A rainha invasora, agindo solitariamente, teria colocado o seu feromônio real sobre a rainha da URUÇU NORDESTINA. Em conseqüência, as próprias operárias Melipona scutellaris provavelmente mataram a sua rainha e adotaram a rainha invasora Melipona rufiventris. 

Essa substituição interespecífica de rainhas ocorre em certas formigas e foi denominada por William M. Wheeler (1910 pp.213-215) de "parasitismo social temporário." E temporário porque depois a colônia se torna totalmente composta por indivíduos da espécie da rainha invasora. O mesmo acontece com duas espécies de Bombíneos. Rainhas de Bombus terrestris "freqüentemente" invadem os ninhos de B. lucorum, matam a rainha dessas colônias e a substituem, segundo F. W. L. Sladen (1912 pp.57-58). Segundo Vera L. Imperatriz-Fonseca (1977 pp.174-175) na MIRIM DA TERRA {Paratrigona subnuda), uma rainha virgem da mesma colônia excreta uma substância atrativa para as operárias e a deposita sobre o corpo da rainha poedeira. Depois as operárias matam a rainha poedeira, cortando-a em pedaços."

UGA

Henrique"

O mestre João Pedro Cappas e Sousa, ao analisar as imagens, disse acreditar que o fato possa realmente caracterizar um hibridismo e não substituição de rainha, pois ele notou a presença uruçus amarelas de  diversas idades, o que mostra que devem estar nascendo nessa colônia. Ele pediu uma maior observação para confirmar o nascimento de abelhas diferentes a um mesmo tempo, o que mostraria que a rainha acasalou com um macho de outra espécie.

Vamos aguardar.

Todas as imagens e as descrições desse post foram gentilmente cedidas pelo Marco Pignatari ou retiradas de troca de e-mails no grupo ABENA.

2 comentários:

  1. tenho duvidas se os individuos hibridos podem ser ferteis????

    ResponderExcluir
  2. Hibridismo entre as mandaçaias (MQQ e MQA) .. posso confirmar que são férteis .

    ResponderExcluir