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terça-feira, 30 de novembro de 2010

RITA, O SEU ENXAME DE SCUTELLARIS, COM 8 DIAS, JÁ ESTA COM DISCO DE POSTURA

Abenautas e Associados da AME-RIO,

Fico feliz de poder dizer que todos os enxames feitos pelos nossos alunos, apresentaram discos de postura com menos de 10 dias.
Este enxame da foto foi realizado domingo passado, feito pela Rita Mello, cujas fotos já foram postadas nesse blog.
Hoje, 8 dias passados, já lá se vê um belo e pequeno disco de postura.
Tambem é notável a recuperação da caixa-mãe, até os potes de mel que foram esvasiados e encheram 2 vidros de 200 ml, ja estão novamente cheios, e o enxame mãe não foi alimentado, só lhe foi dado 2 armadilhas contra forídeos.
Dizem que o professor é sistematico, mas os resultados são excelentes e é o que mais importa.
A caixa inteligente, muitos a criticam por não a usar, nem a conhecer, mas eu mostro o quanto é prática, portanto os iniciantes tratem de aprender meliponicultura e usem a caixa, realmente, não é a caixa inpa, que mesmo que não entendendo as vezes dá certo. Já a caixa inteligente é excelente pra quem é melipolinicultor.
Vejam: nós toda hora mostramos o mel sendo retirado etc, etc, não vejo por aí tanta facilidade....

Pedro Paulo Peixoto
Presidente da AME-RIO




segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Austroplebeia australis

A abelha sem ferrão Austroplebeia australis é exclusivamente australiana e habita desde a costa mais ao norte da Austrália, até bem abaixo no interior de New South Wales. Mais perto da costa a Trigona domina, e elas se sobrepõem, mas no árido interior ela reina suprema. Parece capaz de viver em áreas muito secas e de extremas temperaturas, mas não parece regular a temperatura dos seus ninhos. Muitas vezes escolhe árvores muito pequenas e, aos nossos olhos, de péssima qualidade para construí-los, no entanto ela sobrevive a temperaturas abaixo de 0º C e acima de 40º C. Ela não trabalha se a temperatura estiver abaixo de 20º C ou se estiver ventando muito, ou se o tempo estiver para chuvas. Mais importante, se não houver uma boa fonte de néctar ou pólen ao alcance não vai gastar energia procurando. Ele parece saber quando as plantas são dignas de trabalho em suas áreas e nesses momentos trabalha muito duro. Em outros momentos, pode ser difícil de se ver mais do que uma abelha ocasional deixando a entrada. É muito seletiva nas plantas em que busca o néctar e o pólen. Elas são muito diferentes de nossas Trigonas no comportamento, fascinantes de observar, bem características. Eles são muito tímidas e quando olham para fora da sua entrada discreta e vêem alguém, voltam para dentro. Este estilo de vida permite que individualmente as abelhas Austroplebeia australis vivam em média 6 meses, muito mais do que as nossas Trigonas.
Elas têm a prática incomum de fechar a sua entrada a cada noite com uma parede de resina. Não é sólido, mas é feito de partes que permite a passagem do ar. Na parte da manhã a medida que o dia esquenta, elas gradualmente abrem a entrada e armazenam o material utilizado para a porta na parede do seu tubo de entrada. Em um dia frio ou úmido o tubo permanece fechado.


TRANSFERÊNCIA DE COLÔNIA
Segue uma descrição da transferência de uma colônia de Austroplebeia de um tronco oco resgatado de um local de desmatamento em um dos muitos projetos de caixas utilizadas aqui. Depois, há algumas fotos de uma caixa muito diferente e inusitada que permite que a colônia seja dividida verticalmente. Serve muito bem a essas abelhas, a sua estrutura de ninhada é muito imprevisível.
Esta é a colônia no tronco oco. Vocês podem ver pelo tamanho das mãos, que é muito longo e fino, talvez sete centímetros de diâmetro no interior da cavidade e 1,2 m de comprimento. Como havia poucos depósitos de mel com a colônia, esta é provavelmente apenas uma parte da colônia. O resto pode ter sido perdido no resgate ou foi decidido não trazer os depósitos de mel. Eu já os vi com mais de 2,5 m de comprimento em toras com depressões estreitas.
A foto acima mostra a estrutura do ninho da Austroplebeia australis e como ele estava no tronco, bem menor que a média, por sinal. Quando transfiro essas colônias para uma caixa, sempre uso uma lona ou um pano, de modo que tenho uma boa chance de encontrar a rainha. A rainha é muito difícil e pode se esconder em seu próprio ninho em rachaduras dos troncos ou deixar o ninho junto com as outras. A procura também é feita por rainhas virgens para aumentar as chances de sucesso. Nós encontramos a rainha, nesta transferência, ela estava se escondendo em uma fenda no tronco.
Acima vemos algumas áreas de depósito, principalmente de pólen no presente caso. Cada célula tem apenas um centímetro de diâmetro. O mel é o de melhor qualidade de todas as nossas abelhas sem ferrão e pode ficar muito próximo do mel de Apis em suas características,  mesmo na densidade, o que é incomum para as abelhas sem ferrão. Talvez isso se deva à escolha do local para o ninho. Eles estão freqüentemente localizados em troncos secos de árvores, muito longos e em áreas muito secas o que torna a atmosfera muito seca.Talvez o ar quente subindo através dos galhos ocos faça secar o mel? Parece que as abelhas escolheram construir seu ninho em seu próprio desumidificador. Se A australis estiver forrageando na mesma árvore que as Apis forrageiam, como o “Yellow Box (Eucalyptus melliodora)”, que dá origem a um de nossos melhores méis, o mel resultante pode ser quase indistinguível do de Apis fisicamente mas, ainda têm aquele algo especial que apenas o mel das abelhas sem ferrão podem proporcionar. De todas as nossas abelhas sem ferrão a Austroplebeia é a que usa menos resina em suas construções, por isso a fonte da resina tem um efeito mínimo sobre o sabor do mel. Devido ao pequeno tamanho de cada célula, seria muito lento fazer a colheita através de métodos de sucção e ainda estamos a testando esse método aqui na Austrália. As células de mel freqüentemente se desenvolvem de uma forma que ficam grudadas ao exterior das células mais antigas, mas são muito frágeis quando novas.
Agora vemos o ninho sendo removido gentilmente do tronco aberto. O tronco havia sido previamente cortado com uma serra circular (e parece que as partes foram fechadas novamente) antes da demonstração de modo que somente um trabalho simples de corte foi feito durante a demonstração. Pela primeira vez eu estava observando e fui capaz de tirar fotos sem mel e resina em meus dedos e na CÂMERA.
Esta é uma foto posterior da colônia transferida para uma caixa, com um painel de inspeção. A foto foi tirada através do painel “transparente” e eu fui incapaz de evitar os reflexos. O ninho foi colocado na base de uma caixa cúbica, que tem  cerca de 15 centímetros de lado e de altura, junto com as melhores pedaços dos depósitos de mel e pólen. Há um telado no fundo para ajudar as abelhas se ocorrer algum derramamento de mel na transferência ou mais tarde em caso de um colapso da colônia pelo calor ou falha estrutural.

DIVISÃO DE COLÔNIA
A próxima parte da demonstração foi uma divisão de uma colônia da abelha em um tipo muito diferente de caixa. Esta caixa foi desenvolvida por um dos meliponicultor aqui do sudeste de Queensland, chamado Alan Waters, e é bastante engenhosa. Eu acho que funciona muito bem para a estrutura de ninhos que é mais comum com esta abelha, provavelmente o melhor desenho de nossas caixas, que eu já vi.
Acima visualizamos a colméia vazia e a estrutura interna de apoio da colônia e que torna a sua divisão previsível e segura.
Aqui já vemos uma colônia bem estabelecida no espaço disponível, onde  a área de crias se desenvolveu em forma de bola. Quando a caixa foi "dividida" a maior parte ficou em um dos lados, depósitos de mel e pólen podem ser vistos em torno das bordas e cantos do ninho.
Enquanto observava a menor parte da colônia, tentando avaliar se tinha alguma célula real e se tinha prole suficiente para garantir seu sucesso, tive a sorte de avistar a rainha. Mesmo que essa parte tenha menos crias, tem a rainha assim tudo vai ficar bem.
O próximo passo é adicionar novas metades vazias à cada uma das seções divididas da colônia. As duas seções são unidas quando a tampa é fechada com os parafusos, depois as barras de metal são fixadas nas laterais garantindo a junção correta das partes. Os painéis de inspeção também são divididos em duas metades. Este projeto de caixa necessita de boa precisão em sua construção de modo que as duas metades se encaixem muito bem entre si e de forma segura, para impedir a entrada das nossas duas principais pragas, moscas Syrphidae e é claro forídeos. Este último normalmente entra através da entrada de colméias enfraquecidas ou perturbadas, mas os sirfídeos são uma preocupação especial nesta fase. Estas moscas colocam seus ovos na parte externa da caixa, em uma fenda. Os ovos eclodem e as larvas minúsculas fazem seu caminho para o ninho onde elas podem rapidamente destruir uma colônia, se as abelhas não os detectarem rapidamente. A defesa contra eles é muito difícil. A junção bem apertada e selada é o melhor caminho.
Um comentário final sobre essa abelha é que a maioria das pessoas que as mantêm supõe que têm uma pequena colônia e só precisam de uma pequena caixa. Os registros históricos mostram que estas abelhas foram encontrados pelos primeiros colonizadores, com grandes quantidades de mel, eu os vi com estruturas de ninho muito grande, muitas vezes maiores que os exemplos mostrados nestas fotos. Devido à qualidade do mel, é a abelha que eu mais gostaria de usar para produzir o mel, mas é preciso haver uma forma de incentivar uma massa consistente de crias, visando conseguir uma grande quantidade de forrageadoras para produzir todo o rendimento de mel de que são capazes. Talvez seja genética e seleção para essa característica, talvez seja o projeto da caixa. Eu duvido que nós possamos produzir boas colheitas de mel com uma colônia em uma pequena caixa. Temos muito para aprender, tanta coisa para aprender. Eu tenho um amigo em Tara, com 450 colônias dessas abelhas, e pela primeira vez, ele levou algumas colônias para fora, para uma área onde duas boas espécies de eucalipto estavam florescendo. As espécies eram Tumbledown e Red River. Ambas produzem um bom suprimento de pólen e grande quantidade de néctar. As abelhas poderiam ser colocadas junto das árvores, portanto, não precisariam voar para longe. Vamos ver como elas vão se comportar. Foi um ano muito ruim para o sudeste de Queensland para o pólen nesta temporada por causa dos eventos de chuvas muito freqüentes. Isto está fazendo com que todas as operações das abelhas sem ferrão fiquem mais difícil do que o habitual, mas esperamos que esta primeira tentativa de mudar as abelhas para uma fonte de mel, como as Apis, mostrará se isso pode ser feito.

Bob the Beeman

sábado, 27 de novembro de 2010

Insegurança urbana afeta eleição na AME-RIO

Todos devem estar a par dos graves acontecimentos que vem ocorrendo no Rio de Janeiro nesta última semana. Pois bem, a bandidagem acabou forçando o fechamento das portas da mais completa  e antiga Escola de Agronomia de nosso país, a Sociedade Nacional de Agricultura, onde fica o Campus da Escola Wencesláo Bello.

A Escola Wencesláo Bello é um dos locais onde tradicionalmente efetuamos nossas reuniões, principalmente aquelas em que necessitamos de um quorum maior, exatamente por estar localizada no município do Rio de Janeiro, em local de fácil acesso ou por Olaria, Rua Comandante Vergueiro da Cruz , 480 ou pela Av. Brasil, 9727.

Infelizmente nossa reunião mensal, que desta vez coincidia com a assembléia ordinária da AME-RIO, não pode ser realizada, pois hoje pela manhã ambos os portões de acesso ao Campus da Escola Wencesláo Bello se encontravam cerrados, por ordem da diretoria da SNA.
Associados da AME-RIO em frente à entrada da SNA
Pompílio, Raimundo, Andreas, Milena, .., Pedro Paulo, Tarciso, Sérgio e Glencir.
Pode-se notar atrás o portão cerrado.
O outro acesso, Avenida Brasil, 9727.
Também fechado
Quem participa do grupo ABENA sabe que durante esta semana chegaram a circular alguns e-mails em que associados preocupados com a situação levantavam a possibilidade de alteração da data de nossa reunião ou ao menos sua transferência de local. Era uma proposta totalmente coerente e foi analisada mas, infelizmente, por problemas de logistica, não pode ser implementada. Nem todos os nossos associados tem acesso facil à Internet e até mesmo ao telefone alguns não tem acesso fácil. Como a convocação para a Assembléia foi feita pelo correio, se houvesse mudança de data ou o local, podería ocorrer de ter associados que não ficariam sabendo da mudança e que comparecessem ao local indicado inicialmente.

Como nessa assembléia estava prevista a eleição da próxima gestão, um desencontro desse tipo poderia ocasionar a anulação da eleição, caso algum associado que aspirasse a algum cargo se sentisse lesado e entrasse com recurso por não ter podido participar.

Até ontem, em contato efetuado por um associado nosso com a escola Wencesláo Bello, estava tudo certo para a realização de nossa reunião, infelizmente ao chegar os associados encontraram os portões cerrados.
Entre as 9:00h e as 10:00h, mais ou menos 30 associados chegaram ao local, mas como não foi possível realizar a reunião ficou decidido que nossa assembléia será transferida para a primeira reunião do próximo ano, com eleição e posse imediata da nova diretoria, o local e a data exata serão divulgados tempestivamente.

A reunião de 12 de dezembro, reunião anual de confraternização, está confirmada.

Quem chegou depois das 10:00hs, já não encontrou mais ninguém e teve dificuldade para obter qualquer informação.
 Foi o meu caso que cheguei por volta de 10:10h
do Gesimar que chegou logo depois
E da Ivete, ela veio de ônibus e acabou dando de cara na porta.
Digo... no portão
Pela visão da Av. Brasil, ao fundo, comprovamos que estava tudo calmo e a reunião poderia ter sido realizada tranqüilamente, se a diretoria do campus não tivesse mandado cerrar os portões

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

DIVISÃO DE HOJE, FOTOS SEQÜENCIAIS, URUÇU AMARELA.

FOTOS SEM PAPO.
TEXTO NAS FOTOS
DUVIDAS ? Faça um comentário.

Pedro Paulo Peixoto
Presidente da AME-RIO


 






NOVA E VELHISSIMA ATRAÇÃO IRRESISTÍVEL PARA FORÍDEOS

Associados e Amigos,

Na divisão de Melipona scutellaris feita pela Rita, matéria postada neste blog há alguns dias, notei intensa visitação de forídeos, apesar de internamente terem sido colocadas armadilhas para os mesmos. 
Precisei partir para uma solução extrema, mas que já deu certo inúmeras vezes. 
Que beleza com 5 dias. 
Mas, até eu me assustei com a quantidade de forídeos mortos. Detalhe importante, eu adicionei um pouco de pólem de ASF no vinagre que coloquei dentro das armadilhas. Lembrem-se de não colocar muito, se o pólem boiar os forideos não vão se afogar.
Como tinha muito forídeo, 
muito mesmo, resolvi colocar duas armadilhas fora, estrategicamente posicionadas, rés à entrada do novo enxame...
e duas armadilhas dentro da colméia...
Vejam a dramaticidade do morticínio de forídeos.

Mostrei aqui como se faz, quantas armadilhas se bota e qual o melhor atrativo (vinagre e pólem de ASF) e a turma não acredita...continua a perguntar...

QUEM SALVOU-AS ? DAS CENTENAS DE FORÍDEOS...?

Esta aí a velhíssima técnica... é olhar a eficiência, acreditar e USAR.

Pedro Paulo Peixoto
Presidente da AME-RIO

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Novo melhor amigo do Homem, provedor e protetor.

Na verdade não é "melhor amigo do homem"... é "melhor amiga" ! E está claro que todos já sabem que vamos falar de abelhas. Essa matéria, que foi publicada no Daily Telegraph, apresenta uma série de utilidades para as abelhas, diferentes daquelas consideradas normais, produzir mel, própolis, cera e oferecer serviços de polinização. Além do aqui listado, as abelhas podem ser usadas para muitas outras coisas e tão importantes ou mais do que suas utilidades tradicionais. Pena que a maior parte dos estudos trate apenas de abelhas da espécie Apis melifera, esquecendo totalmente as outras 20.000 espécies. Precisamos estudar melhor essas outras espécies, principalmente aquelas cerca de 400 espécies de abelhas sem ferrão.
Vamos torcer para que um dia nossas abelhas também sejam alvo de estudos mais profundos, com certeza vão descobrir que elas podem nos oferecer ainda muito mais.
uga,
José Halley Winckler


Man's new best friend, provider and protector




Honey bees

Honey bees

Photograph by: Bill Keay, Vancouver Sun


Nesses últimos anos, os noticiários tem nos apresentado uma saraivada de desgraças sobre o destino das abelhas. Graças em grande parte a um fenômeno misterioso conhecido como Distúrbio do Colapso das Colônias (CCD), o número de colméias tem diminuido, com implicações catastróficas para a espécie, e para o nosso sistema agrícola. Colméias da Inglaterra foram desaparecendo mais rapidamente do que em qualquer outro lugar da Europa, sendo que mais da metade das colméias desapareceram nesses últimos 20 anos.

Assim, o anúncio feito na semana passada que a produção de mel voltou a crescer no Reino Unido, bem como apicultores amadores estarem se reunindo para resgatar as abelhas, multiplicando as suas próprias colméias, é especialmente animador. As abelhas não são  apenas uma parte essencial do sistema de polinização: são uma maravilha da natureza, sem deixar de mencionar que são uma das criaturas mais sofisticadas do planeta.

As abelhas existem a cerca de 110 milhões de anos, mas foi a apenas um par de milhares de anos atrás que começamos a perceber seu potencial para ajudar a humanidade. Os antigos maias foram os primeiros, aproveitando as abelhas sem ferrão da America Central para a agricultura. Seus Xamãs reverenciavam essas criaturas, acreditando que cada uma tinha uma alma.

Estudos posteriores confirmaram esse respeito intuitivo por sua inteligência. O Prêmio Nobel de Karl von Frisch (1886-1982) dedicou sua vida a decifrar como as abelhas se comunicavam, descobrindo que, dançando, verticalmente, no escuro, elas sinalizam a localização exata de néctar, pólen, água e resina de árvores, ou outras informações importantes.

Ele também descobriu que as abelhas podem contar até cinco e treinou-as, para visitar pontos de alimentação em períodos específicos do dia. Além disso as abelhas tem uma memória de tempo e espaço e usam marcos, tais como árvores, rochas ou construções, como apoio para orientar-se. Este sistema – e a habilidade para contar - é empregado no momento de decidir onde construir uma nova colmeia. Abelhas escoteiras buscam várias opções, então, fazem uma votação: 15 é o número crucial para o quorum.

As abelhas também dependem fortemente do olfato para realizar suas atividades diárias. Na cabeça de uma abelha operária existem duas antenas com 3.000 órgãos sensoriais. Sua capacidade de distinguir mais de 170 odores na natureza é vital para farejar néctar, pólen, água, resinas de árvores e feromônios.

Acontece que as pessoas e as abelhas compartilham uma série de semelhanças. As duas gostam de dançar e viajar; protegem a rainha; e apreciam açúcar, cafeína e nicotina. E, é claro, as duas gostam de flores. Hoje, cerca de 20.000 espécies de abelhas são reconhecidas como polinizadoras, contribuindo para a saúde e o bem-estar da maioria das 235 mil espécies de plantas com flores do planeta, ainda que uma única espécie de abelha, a Apis mellifera, venha sendo utilizada na polinização de alimentos, algodão, alfafa e trevo para as indústrias de carne e leite desde 150 anos atrás, ela ajudou a gerar mais de 200 bilhões de quilos de sementes, frutas e outros produtos vegetais por ano no mundo.

No entanto, a importância da abelha vai muito além da agricultura. Por exemplo, há um negócio lucrativo e em expansão, a api-terapia. Este campo da ciência farmacêutica utiliza as propriedades anti-inflamatórias da melitina e adolapina do veneno de abelhas, juntamente com apamina, para melhorar as conexões nervosas, trazendo alívio aos que sofrem de esclerose múltipla, artrite reumatóide, fibromialgia, tendinites e outras doenças debilitantes auto-imunes.

Durante os últmos 15 anos, os cientistas vem treinando abelhas para nos ajudar de outras maneiras. O trabalho sobre os reflexos condicionados por outro laureado com o Nobel, Ivan Pavlov, nos ensinou que as abelhas podem responder a mais de 60 odores, variando da metanfetamina ao TNT, do urânio enriquecido a tuberculose. Para identificar um cheiro, os produtos químicos são misturados em um líquido açucarado com o qual as abelhas são recompensadas, junto com uma dose de cafeína. O processo é repetido até cinco vezes, altura em que as abelhas conseguem associar o cheiro com a comida. Depois disso, quando uma abelha encontra uma fragrância desejável, seus reflexos levam-na a estender a sua tromba ou língua para receber o néctar - um reflexo de que os cientistas são facilmente capazes de medir.

Inevitavelmente, isto chamou a atenção da indústria de segurança. Logo, as abelhas poderão ser implantadas em zonas de guerra, aeroportos, estações, portos, estádios desportivos, empresas de alimentação e consultórios médicos. A economia, certamente faz sentido: enquanto cães farejadores tem uma precisão de  cerca de 71 por cento das vezes e exigem pelo menos três meses de treinamento, as abelhas são precisas 98 por cento das vezes e requerem menos de 10 minutos de treinamento. Além disso, elas podem detectar explosivos ou droga na presença de agentes potencialmente interferentes, tais como loções, óleo do motor ou repelente de insetos. E depois de alguns dias, cumprindo o seu dever olfativo, elas podem ser devolvidas, ilesas, para a colméia.

Tais aplicações seriam particularmente útil na luta contra o terrorismo - incluindo aqueles tipos de explosivos plásticos criados nos últimos anos. A policia de Bagdá usa 48 cães farejadores, pastores alemães e belgas ou labradores, custando 4.000 libras cada um. Abelhas farejadoras poderiam ser utilizadas por uma fração desse custo.

As abelhas também podem oferecer soluções mais tecnológicas. Recentemente, os aeroportos londrinos de Gatwick e Heathrow instalaram scanners de corpo inteiro, a um custo de 100 mil libras por dispositivo. No entanto, se Farouk Abdul Abdulmutallab, o jovem nigeriano muçulmano que levava explosivos escondidos em sua cueca, na tentativa de explodir um avião de passageiros, tivesse o corpo inteiro digitalizados, a chance de detectar os explosivos teria sido de apenas 50-60 por cento.

Com mais de 85.000 voos comerciais em todo o globo a cada dia, essas chances são inaceitáveis. Uma empresa britânica, Inscentinel Ltd, está desenvolvendo um engenhoso dispositivo que usa abelhas para farejar drogas, bombas caseiras de fertilizantes, explosivos plásticos e cerca de 60 outras substâncias perigosas. Três abelhas são colocadas dentro de uma "caixa farejadora" do tamanho de uma caixa de sapatos. O ar é sugado por meio de tubos e soprado suavemente sobre as abelhas. Se elas detectarem explosivos ou droga todas elas estendem as suas línguas e é enviado um alarme para o operador.

Há também uso humanitário para as abelhas farejadoras. A Cruz Vermelha estima que existam entre 80 milhões e 120 milhões de minas terrestres enterradas em 70 países, que mutilam 22.000 pessoas (principalmente crianças) a cada ano. Um sistema concebido pelos pesquisadores da Universidade de Montana,  preve a inserção de minúsculos microchips em abelhas. Quando as abelhas voarem pela área minada, a carga eletrostática do seu corpo atrai o resíduo de TNT, o componente explosivo das minas terrestres. Depois, quando elas voltam para a colméia, este pode ser detectado, e uma varredura do chip vai revelar a localização exata dos artefatos.

Essas técnicas também podem ser aplicadas ao sistema de saúde. As abelhas já estão sendo usadas como detectores precoce de câncer de pulmão e de pele, diabetes e tuberculose, bem como para monitorar ciclos de fertilidade e confirmar a gravidez. Pacientes respiram através de uma ferramenta de diagnóstico de vidro, quando as abelhas treinadas detectarem alguma doença ou hormônio, elas avançam para os tubos que contem à sua respiração.

Dadas essas vantagens, é trágico que centenas de bilhões de abelhas estejam morrendo em todo o mundo devido ao CCD, o que, conforme muitos cientistas, é devido a um grupo de pesticidas chamado neonicotinoides. A humilde abelha deve ser salva a todo custo - que outra criatura pode frustrar terroristas e narcotraficantes, nos salvar de doenças horríveis e ainda contribuir para um desjejum delicioso e nutritivo?

Dr. Reese Halter é um biólogo conservacionista da Universidade Luterana da Califórnia e autor do livro "The Incomparable Honey Bee and the Economics of Pollination (Rocky Mountain Books)”

O Daily Telegraph

© Copyright (c) O "Daily Telegraph"



quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Meliponários de Jandaíra do Nordeste Brasileiro

Para aqueles que apreciam a meliponicultura a moda antiga, na revista Mensagem Doce, n° 59 de Novembro de 2000 encontrei este artigo da professora Marilda Cortopassi-Laurino e sei que muitos de vocês vão achar bastante interessante. Quer dizer, meliponicultura a moda antiga, mas não tão antiga assim, muitos dos meliponicultores aqui apresentados são bem conhecidos do pessoal do ABENA e dos meliponicultores em geral. Afinal, essa matéria não tem nem dez anos de publicação e decorre de uma viagem dos autores ao Nordeste, efetuada no início do século atual. Se prestarmos bastante atenção, vamos verificar que ali já estão presentes os principais conceitos de nossa atual meliponicultura.
Mas, chega de enrolação e vamos a matéria...
uga,
José Halley Winckler



Abelhas Nativas


Meliponários de Jandaíra do Nordeste Brasileiro

Marilda Cortopassi-Laurino & Dick Koedam
A abelha jandaíra do nordeste (Melipona subnitida), quanto à estrutura de ninho é igual a todas as outras meliponas que conhecemos: mandaçaia, uruçu, guaraipo, rajada, etc, e talvez por ser originária da caatinga ou sertão, é uma abelha muito resistente e fácil de ser criada principalmente em seu ambiente natural.




Foto 1 ninho vertical de uruçú, na propriedade do senhor Francisco Chagas
Para conhecermos melhor como os meliponicultores criam essas abelhas, o professor Dick Koedam e eu,  visitamos vários meliponicultores nos estados de Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte, na segunda quinzena de maio de 2000, época boa porque em alguns locais, havia chuva desde dezembro. E quando a chuva chega no sertão é festa para os nordestinos, para a agricultura, a agropecuária, para as plantas  nativas, as ervas “daninhas” e as abelhas.
     Começamos a viagem muito bem durante a comemoração do dia do Apicultor, na sede da CAPEL em Recife, com direito a palestras, feijoada, tarde de campo e cerveja de mel! Os meliponicultores dessa região criam principalmente a uruçu (Melipona scutellaris), abelha forte e típica dessa região litorânea, mas vários criam também a jandaíra. Pela primeira vez, vimos, em Paulista-PE, as caixas verticais para abelhas, com ninhos de uruçu (FOTO 1). Essas caixas tem a vantagem de serem mais parecida com os troncos que as abelhas usam na natureza. Uma desvantagem é que quando se abre a caixa vertical, as abelhas novas que não voam e que caem, precisam ser apanhadas e recolocadas no ninho. Por causa desse inconveniente, a solução parcial é a caixa com duas tampas. Para tirar o mel, só se abre a tampa onde estão os potes.
Soubemos de uma jandaíra que enxameou naturalmente indo para uma dessas caixas verticais. Nesse mesmo local havia um tronco de imburana plantado com ninho de abelha dentro!
     Uma solução original observada nas visitas, foi o meliponário tipo “gaiola” (FOTO 2). Todas as caixas ficam dentro da casa e as abelhas voam para fora através das grades. Na casa há uma única porta trancada com cadeado. Esse modelo é muito útil para meliponicultores que não tem caseiro e se preocupam com os vizinhos que gostam de mel....
Foto 2 meliponário tipo “gaiola” na propriedade do senhor Renato Barbosa.

Foto 3 meliponário fixo com destaque especial para a proteção dos pés e para a imobilidade das prateleiras, idealizadas pelos senhores Renato Barbosa e Ricardo Cantarelli.
Outra estrutura com a mesma finalidade foi o meliponário fixo. Encaixes perfeitos entre as prateleiras não oferecem qualquer chance de deslocamento das colméias e uma corrente com cadeado evita que as prateleiras sejam abertas. Os pés da armação, além de fixados na calçada de cimento, também possuem proteção contra formigas. A sua parte inferior é envolta por cano de plástico preenchido com óleo e querosene para as formigas não subirem, enquanto na parte superior desse copo de plástico, um funil invertido impede que abelhas voantes caiam no óleo (FOTO 3).
Nessa região úmida, além das formigas, as lagartixas e os forídeos são inimigos das abelhas. “Caça forídeos” externos, confeccionados com garrafas plásticas com vinagre mais água no seu interior e canecas ou panelinhas de alumínio colocadas à porta dos ninhos para protegê-los, são soluções locais contra esses inimigos.
Na região de Taquaritinga do Norte-PE, logo após a cidade de Vertente, encontrei o meliponário mais rústico da viagem. Todos os ninhos, ainda nos troncos, estavam num cercado de arame farpado  coberto com chapas de metal. Uma tampa lateral no tronco permitia, ao ser aberta, furar alguns potes e retirar o mel (FOTO 4).     No caminho de Taquaritinga, visitamos em Timbaúba-PE um criador de uruçus. Merece atenção especial o método que ele usava para dividir os ninhos até há algum tempo atrás: com o auxílio de um facão afiado cortava o ninho como um bolo, em duas metades iguais e transferia somente uma das metades para a nova caixa. Disse-nos que nunca perdeu um ninho com essa técnica lógica que ele inventou.
Foto 4 meliponário rústico localizado na borda da região de caatinga em Taquaritinga, na propriedade do senhor Fernando Xavier.

Em Passira-PE, o meliponicultor faz aumento nas caixas de abelhas só na região dos favos de cria. Ele coloca alimentador interno, rosqueando o tubo de xarope (FOTO 5), e quando divide os ninhos, tem o cuidado de colocar os favos em cima de trabiques de madeira evitando assim o contato dos favos com a umidade do chão do ninho. No meliponário de Fortaleza que visitamos, a jandaíra é criada a  13 km do centro da cidade, no fundo do quintal da casa. A idéia original observada aqui foi o modo de esconder o alimento das abelhas contra o ataque de forídeos, também comuns nessa região litorânea (FOTO 6). Na divisão da colônia, depois de transferirem os favos, o pólen e o mel, são colocados, separadamente, na colméia nova, dentro de tubos de filmes fotográficos, fechados com tampa previamente furada, sobre a qual é colocada uma lamina de cerume. Os orifícios, assim vedados, só poderão ser removidos pelas abelhas, e somente quando necessário. Se algum forídeo entrar na colméia, ele não conseguirá entrar nos tubos de filmes nessa ocasião, para botar seus ovos. O diâmetro do orifício dá passagem somente para uma abelha. Parece que as abelhas identificam esses tubos de filmes como potes porque algum tempo depois, forram-no inteiramente com cerume. 




 Foto 5  A alimentação artificial é feita internamente, sem abrir as colonias no meliponário do senhor Naelson de Souza.

Foto 6 Tubos de filmes fotográficos transformam-se em potes de alimento seguros contra ataque de forídeos no meliponário do senhor Lima-Verde.

 Foto 7 Meliponário desmontável, idealizado pelo senhor Paulo Menezes.
O meliponário de jandaíra de Mossoró é o que possui mais história. Muitas das suas colônias pertenceram a Monsenhor Huberto Brunning, o pioneiro na divulgação da criação da jandaíra. O meliponário é muito organizado: todas as caixas são numeradas e com ficha de acompanhamento. O meliponicultor é o único que vende mel em garrafas de vidro de 200ml devidamente etiquetada. Possui mel de jandaíra guardado desde 1984 e alguns com analise físico-química. O meliponário está situado no quintal da casa, a apenas 3km do centro da cidade e a mais ou menos 200 metros da mata nativa, a caatinga  Uma solução original observada aqui foi um meliponário com três prateleiras, totalmente desmontável (FOTO 7) e que pode ser transportado no porta malas de um carro de passeio Alguns ninhos de jandaíra estavam instalados em caixas verticais.




 Ainda em Mossoró, tivemos a oportunidade de conhecer o fundador (FOTO 8) da Coleção Mossoroense, esta com mais de três mil títulos publicados, sendo mais de setecentos dedicados à seca. A publicação, em 1991, do livro “Criação da Abelha Jandaíra” do Monsenhor Hubert Brunning foi a maior dádiva para os criadores dessa abelha. Embora escrito como diário, contém muitas informações sobre como “despencava” as colônias, isto é, tirava o mel, quanto era a produção de mel nos diferentes anos, a divisão dos ninhos, as plantas que elas usavam para nidificar e visitar, a alimentação externa, a formação de novas colônias quando ocorria aglomerado de abelhas, e a sua “bronca” com as irapuás e as Apis. Deixou um relato especial, mesmo não sabendo o significado de alguns comportamentos das abelhas, mas deixou principalmente o exemplo. Terminou o livro comparando a sociedade das abelhas com a humana.......
 Foto 8 O fundador da Coleção Mossoroense e esposa (Sr. Vingt-Un e América Rosado) em sua residência. As formas circulares (gastrópodes e equinodermatas) da parede tem 90 milhões de anos e são provenientes (surpresa!) da Formação Jandaíra do Rio Grande do Norte


 Foto 9 Colméias de jandaíra em galhos de cajueiros, muito próximas das dunas da praia, na propriedade do senhor Valdemir de Medeiros.
Quem olha no mapa do Brasil a distribuição da região da caatinga, verá que no Rio Grande do Norte, esse ecossistema chega até o litoral. E lá fomos nós até o litoral (Areia Branca) onde há criação da jandaíra  a 100m da praia, em colméias penduradas nos cajueiros atrás das dunas (FOTO 9). O que nos surpreendeu foi que o meliponicultor não reconhece favos de cria nascente ou jovem, mas divide o ninho quando constata muitos favos dentro da colméia. Seu conselho é precioso: para o mel não fermentar, na sua retirada não pode haver contato com as mãos. Ninguém experimenta o mel dos potes quando estão sendo cortados com a faca.
Em Macaíba, próximo de Natal, mesmo não sendo caatinga, as jandaíras sobrevivem. Especial no meliponário que visitamos eram os cortiços feitos com o próprio tronco de imburana com a casca externa retirada, com o cerne ampliado e cortada nele uma tampa em toda a  extensão do comprimento (FOTO 10). Como o ninho é feito com “pau de abelha”, as abelhas naturalmente gostam.
 Foto 10  Ninhos de jandaíra instalados em troncos especialmente preparados de imburana na propriedade do senhor Tertuliano Aires.

 Foto 11  Meliponário especialmente construído para abrigar centenas de colonias de jandaíra na propriedade do senhor Ezequiel Macedo.
Em pleno sertão, bem no interior do Rio Grande do Norte, no Jardim do Seridó, encontramos o criador de jandaíra com o maior número de colméias dessas abelhas. É o único meliponicultor daquela região que tem na meliponicultura a sua atividade econômica principal. Ele possui um galpão especialmente construído para apoiar as colméias (FOTO 11)  e também plantou no pátio, troncos de imburana com ninhos de abelhas no seu interior. Divide os ninhos com técnica de 2:1 ou seja, duas colônias cedem parte de si para formar uma terceira (a filha). Consegue recuperar colônias muito fracas e vende o mel em litro de whisky com rótulo onde destaca a jandaíra e flores visitadas por essas abelhas para elaborar o mel.
Esse meliponicultor adaptou caixas articuladas para facilitar a retirada do mel de tal forma que, quando realiza essa atividade, só a parte posterior (com os potes) é manuseada. A parte anterior, com os favos de cria, não sofrem qualquer deslocamento, evitando que ovos  caiam no alimento larval ou fiquem presos na parede das células de cria.
Soubemos que existem outros meliponicultores de jandaíra em Alagoas e na Bahia, principalmente no norte deste estado. Gostaríamos de tê-los visitado também.
Quanto aos meliponicultores, todos são do sexo masculino, alguns já aposentados e que trabalham predominantemente sozinhos ou com auxílio de alguém da família como esposa ou filho. Todos reconhecem quando as colônias são fortes ou fracas e podem identificar quando as abelhas estão de tamanho maior ou menor ao longo do ano. Alguns reconhecem os machos dessas abelhas somente quando formam aglomerados nas proximidades das colônias, fato que parece estar associado com a presença de pelo menos dez ninhos fortes nas redondezas. Esses meliponicultores sabem que as jandaíras fazem ninho naturalmente nos ocos das árvores imburana, catingueira, umbuzeiro, pereiro, pau branco e cajarana.
Todos conhecem quais são as plantas boas para as abelhas e poucos plantam para as abelhas com uma única exceção. Algumas espécies de plantas citadas como sendo visitadas pelas jandaíra foram: marmeleiro, beduaga, maniçoba, jitirana amarra cachorro, jitirana peluda, jurema preta, jurema branca, feijão de boi, malva, malva roxa, mufumbo, velame, cássia chuva de ouro, caju, amor agarradinho, salsa, moringa, carnaúba, pitanga, herbanço, gudião e sabiá, esta planta, conhecida aqui no sudeste como sansão do campo.
O mel é vendido entre 30-100 reais o litro, dependendo da região e do poder aquisitivo da população local. Com exceção do mel de aroeira, que se cristaliza rapidamente, todos os méis observados eram líquidos, com teor de água variando de 25-32%.
A população do nordeste considera o mel de jandaíra como medicinal, usando-o no tratamento de doenças das vias respiratórias (ingerido ou em nebulizador), nas dores de ouvido (aquecido), em feridas e picadas de cobra (como emplastros) em ardências e inflamações de olhos (como colírio puro ou diluído) e ainda como fortificante (puro, na gemada, diluído na pinga, etc).
A alimentação artificial é recurso utilizado na época de falta de flores na natureza ou para reforçar o ninho. Mel de Apis ou xarope de água com açúcar são colocados diretamente nos potes vazios de dentro da colméia ou oferecidos em bandejas com flutuadores nas imediaçoes das colméias. A CAPEL foi a única de desenvolveu um alimentador externo padrão, em formato de “J” com bocal para a parte interna da colônia e uma garrafinha com xarope na parte externa.
Fato notável é que todos os meliponicultores que conhecemos tiveram interesse especial em divulgar seus conhecimentos sobre o manejo das abelhas nativas e dos locais onde elas ocorrem naturalmente, dados que nem sempre estão nos livros. No entanto, todos queriam saber mais sobre a vida das abelhas, pergunta difícil de responder porque lá, eles é que sabiam mais....
Expressamos nossos agradecimentos especiais aos meliponicultores que nos receberam tão bem e tornaram possível e acessível as visitas e as observações acima relatadas. Pela ordem de visita: Renato Barbosa, Alexandre Moura, Francisco Chagas e Ricardo Cantarelli, de Recife-PE e arredores. Severino da Silva Xavier de Timbaúba-PE, Fernando Xavier Bezerra de Taquaritinga do Norte-PE, Naelson Antonio de Souza de Passira-PE, Breno Freitas e Luis Wilson Lima Verde de Fortaleza-CE, Paulo Roberto Menezes de Mossoró-RN, Valdemir Fernandez de Medeiros de Areia Branca-RN, Tertuliano Aires Neto em Macaíba-RN e Ezequiel Roberto Medeiros de Macedo do Jardim do Seridó-RN.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

IV Seminário Paranaense de Meliponicultura

Abertura com o organizador, Prof. Renato (sentado) e Prof. Paludo (no púlpito) , cheios de emoção.


Turma que se esforça pelas ASF, presente ao Seminário.
Gesimar - ABENA e AME-RIO , Rio de Janeiro
Andrade - Paraná
Jean Locatelli - ABENA e AMESG, Santa Catarina (enfim apareceu na foto, rsss)

Manejo de Meliponineos

Teoria rápida e oficina, só calouros....... ia ser transferência,
virou divisão, rsss...
Gostaram e vão para a atividade !

Gesimar