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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Meliponários de Jandaíra do Nordeste Brasileiro

Para aqueles que apreciam a meliponicultura a moda antiga, na revista Mensagem Doce, n° 59 de Novembro de 2000 encontrei este artigo da professora Marilda Cortopassi-Laurino e sei que muitos de vocês vão achar bastante interessante. Quer dizer, meliponicultura a moda antiga, mas não tão antiga assim, muitos dos meliponicultores aqui apresentados são bem conhecidos do pessoal do ABENA e dos meliponicultores em geral. Afinal, essa matéria não tem nem dez anos de publicação e decorre de uma viagem dos autores ao Nordeste, efetuada no início do século atual. Se prestarmos bastante atenção, vamos verificar que ali já estão presentes os principais conceitos de nossa atual meliponicultura.
Mas, chega de enrolação e vamos a matéria...
uga,
José Halley Winckler



Abelhas Nativas


Meliponários de Jandaíra do Nordeste Brasileiro

Marilda Cortopassi-Laurino & Dick Koedam
A abelha jandaíra do nordeste (Melipona subnitida), quanto à estrutura de ninho é igual a todas as outras meliponas que conhecemos: mandaçaia, uruçu, guaraipo, rajada, etc, e talvez por ser originária da caatinga ou sertão, é uma abelha muito resistente e fácil de ser criada principalmente em seu ambiente natural.




Foto 1 ninho vertical de uruçú, na propriedade do senhor Francisco Chagas
Para conhecermos melhor como os meliponicultores criam essas abelhas, o professor Dick Koedam e eu,  visitamos vários meliponicultores nos estados de Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte, na segunda quinzena de maio de 2000, época boa porque em alguns locais, havia chuva desde dezembro. E quando a chuva chega no sertão é festa para os nordestinos, para a agricultura, a agropecuária, para as plantas  nativas, as ervas “daninhas” e as abelhas.
     Começamos a viagem muito bem durante a comemoração do dia do Apicultor, na sede da CAPEL em Recife, com direito a palestras, feijoada, tarde de campo e cerveja de mel! Os meliponicultores dessa região criam principalmente a uruçu (Melipona scutellaris), abelha forte e típica dessa região litorânea, mas vários criam também a jandaíra. Pela primeira vez, vimos, em Paulista-PE, as caixas verticais para abelhas, com ninhos de uruçu (FOTO 1). Essas caixas tem a vantagem de serem mais parecida com os troncos que as abelhas usam na natureza. Uma desvantagem é que quando se abre a caixa vertical, as abelhas novas que não voam e que caem, precisam ser apanhadas e recolocadas no ninho. Por causa desse inconveniente, a solução parcial é a caixa com duas tampas. Para tirar o mel, só se abre a tampa onde estão os potes.
Soubemos de uma jandaíra que enxameou naturalmente indo para uma dessas caixas verticais. Nesse mesmo local havia um tronco de imburana plantado com ninho de abelha dentro!
     Uma solução original observada nas visitas, foi o meliponário tipo “gaiola” (FOTO 2). Todas as caixas ficam dentro da casa e as abelhas voam para fora através das grades. Na casa há uma única porta trancada com cadeado. Esse modelo é muito útil para meliponicultores que não tem caseiro e se preocupam com os vizinhos que gostam de mel....
Foto 2 meliponário tipo “gaiola” na propriedade do senhor Renato Barbosa.

Foto 3 meliponário fixo com destaque especial para a proteção dos pés e para a imobilidade das prateleiras, idealizadas pelos senhores Renato Barbosa e Ricardo Cantarelli.
Outra estrutura com a mesma finalidade foi o meliponário fixo. Encaixes perfeitos entre as prateleiras não oferecem qualquer chance de deslocamento das colméias e uma corrente com cadeado evita que as prateleiras sejam abertas. Os pés da armação, além de fixados na calçada de cimento, também possuem proteção contra formigas. A sua parte inferior é envolta por cano de plástico preenchido com óleo e querosene para as formigas não subirem, enquanto na parte superior desse copo de plástico, um funil invertido impede que abelhas voantes caiam no óleo (FOTO 3).
Nessa região úmida, além das formigas, as lagartixas e os forídeos são inimigos das abelhas. “Caça forídeos” externos, confeccionados com garrafas plásticas com vinagre mais água no seu interior e canecas ou panelinhas de alumínio colocadas à porta dos ninhos para protegê-los, são soluções locais contra esses inimigos.
Na região de Taquaritinga do Norte-PE, logo após a cidade de Vertente, encontrei o meliponário mais rústico da viagem. Todos os ninhos, ainda nos troncos, estavam num cercado de arame farpado  coberto com chapas de metal. Uma tampa lateral no tronco permitia, ao ser aberta, furar alguns potes e retirar o mel (FOTO 4).     No caminho de Taquaritinga, visitamos em Timbaúba-PE um criador de uruçus. Merece atenção especial o método que ele usava para dividir os ninhos até há algum tempo atrás: com o auxílio de um facão afiado cortava o ninho como um bolo, em duas metades iguais e transferia somente uma das metades para a nova caixa. Disse-nos que nunca perdeu um ninho com essa técnica lógica que ele inventou.
Foto 4 meliponário rústico localizado na borda da região de caatinga em Taquaritinga, na propriedade do senhor Fernando Xavier.

Em Passira-PE, o meliponicultor faz aumento nas caixas de abelhas só na região dos favos de cria. Ele coloca alimentador interno, rosqueando o tubo de xarope (FOTO 5), e quando divide os ninhos, tem o cuidado de colocar os favos em cima de trabiques de madeira evitando assim o contato dos favos com a umidade do chão do ninho. No meliponário de Fortaleza que visitamos, a jandaíra é criada a  13 km do centro da cidade, no fundo do quintal da casa. A idéia original observada aqui foi o modo de esconder o alimento das abelhas contra o ataque de forídeos, também comuns nessa região litorânea (FOTO 6). Na divisão da colônia, depois de transferirem os favos, o pólen e o mel, são colocados, separadamente, na colméia nova, dentro de tubos de filmes fotográficos, fechados com tampa previamente furada, sobre a qual é colocada uma lamina de cerume. Os orifícios, assim vedados, só poderão ser removidos pelas abelhas, e somente quando necessário. Se algum forídeo entrar na colméia, ele não conseguirá entrar nos tubos de filmes nessa ocasião, para botar seus ovos. O diâmetro do orifício dá passagem somente para uma abelha. Parece que as abelhas identificam esses tubos de filmes como potes porque algum tempo depois, forram-no inteiramente com cerume. 




 Foto 5  A alimentação artificial é feita internamente, sem abrir as colonias no meliponário do senhor Naelson de Souza.

Foto 6 Tubos de filmes fotográficos transformam-se em potes de alimento seguros contra ataque de forídeos no meliponário do senhor Lima-Verde.

 Foto 7 Meliponário desmontável, idealizado pelo senhor Paulo Menezes.
O meliponário de jandaíra de Mossoró é o que possui mais história. Muitas das suas colônias pertenceram a Monsenhor Huberto Brunning, o pioneiro na divulgação da criação da jandaíra. O meliponário é muito organizado: todas as caixas são numeradas e com ficha de acompanhamento. O meliponicultor é o único que vende mel em garrafas de vidro de 200ml devidamente etiquetada. Possui mel de jandaíra guardado desde 1984 e alguns com analise físico-química. O meliponário está situado no quintal da casa, a apenas 3km do centro da cidade e a mais ou menos 200 metros da mata nativa, a caatinga  Uma solução original observada aqui foi um meliponário com três prateleiras, totalmente desmontável (FOTO 7) e que pode ser transportado no porta malas de um carro de passeio Alguns ninhos de jandaíra estavam instalados em caixas verticais.




 Ainda em Mossoró, tivemos a oportunidade de conhecer o fundador (FOTO 8) da Coleção Mossoroense, esta com mais de três mil títulos publicados, sendo mais de setecentos dedicados à seca. A publicação, em 1991, do livro “Criação da Abelha Jandaíra” do Monsenhor Hubert Brunning foi a maior dádiva para os criadores dessa abelha. Embora escrito como diário, contém muitas informações sobre como “despencava” as colônias, isto é, tirava o mel, quanto era a produção de mel nos diferentes anos, a divisão dos ninhos, as plantas que elas usavam para nidificar e visitar, a alimentação externa, a formação de novas colônias quando ocorria aglomerado de abelhas, e a sua “bronca” com as irapuás e as Apis. Deixou um relato especial, mesmo não sabendo o significado de alguns comportamentos das abelhas, mas deixou principalmente o exemplo. Terminou o livro comparando a sociedade das abelhas com a humana.......
 Foto 8 O fundador da Coleção Mossoroense e esposa (Sr. Vingt-Un e América Rosado) em sua residência. As formas circulares (gastrópodes e equinodermatas) da parede tem 90 milhões de anos e são provenientes (surpresa!) da Formação Jandaíra do Rio Grande do Norte


 Foto 9 Colméias de jandaíra em galhos de cajueiros, muito próximas das dunas da praia, na propriedade do senhor Valdemir de Medeiros.
Quem olha no mapa do Brasil a distribuição da região da caatinga, verá que no Rio Grande do Norte, esse ecossistema chega até o litoral. E lá fomos nós até o litoral (Areia Branca) onde há criação da jandaíra  a 100m da praia, em colméias penduradas nos cajueiros atrás das dunas (FOTO 9). O que nos surpreendeu foi que o meliponicultor não reconhece favos de cria nascente ou jovem, mas divide o ninho quando constata muitos favos dentro da colméia. Seu conselho é precioso: para o mel não fermentar, na sua retirada não pode haver contato com as mãos. Ninguém experimenta o mel dos potes quando estão sendo cortados com a faca.
Em Macaíba, próximo de Natal, mesmo não sendo caatinga, as jandaíras sobrevivem. Especial no meliponário que visitamos eram os cortiços feitos com o próprio tronco de imburana com a casca externa retirada, com o cerne ampliado e cortada nele uma tampa em toda a  extensão do comprimento (FOTO 10). Como o ninho é feito com “pau de abelha”, as abelhas naturalmente gostam.
 Foto 10  Ninhos de jandaíra instalados em troncos especialmente preparados de imburana na propriedade do senhor Tertuliano Aires.

 Foto 11  Meliponário especialmente construído para abrigar centenas de colonias de jandaíra na propriedade do senhor Ezequiel Macedo.
Em pleno sertão, bem no interior do Rio Grande do Norte, no Jardim do Seridó, encontramos o criador de jandaíra com o maior número de colméias dessas abelhas. É o único meliponicultor daquela região que tem na meliponicultura a sua atividade econômica principal. Ele possui um galpão especialmente construído para apoiar as colméias (FOTO 11)  e também plantou no pátio, troncos de imburana com ninhos de abelhas no seu interior. Divide os ninhos com técnica de 2:1 ou seja, duas colônias cedem parte de si para formar uma terceira (a filha). Consegue recuperar colônias muito fracas e vende o mel em litro de whisky com rótulo onde destaca a jandaíra e flores visitadas por essas abelhas para elaborar o mel.
Esse meliponicultor adaptou caixas articuladas para facilitar a retirada do mel de tal forma que, quando realiza essa atividade, só a parte posterior (com os potes) é manuseada. A parte anterior, com os favos de cria, não sofrem qualquer deslocamento, evitando que ovos  caiam no alimento larval ou fiquem presos na parede das células de cria.
Soubemos que existem outros meliponicultores de jandaíra em Alagoas e na Bahia, principalmente no norte deste estado. Gostaríamos de tê-los visitado também.
Quanto aos meliponicultores, todos são do sexo masculino, alguns já aposentados e que trabalham predominantemente sozinhos ou com auxílio de alguém da família como esposa ou filho. Todos reconhecem quando as colônias são fortes ou fracas e podem identificar quando as abelhas estão de tamanho maior ou menor ao longo do ano. Alguns reconhecem os machos dessas abelhas somente quando formam aglomerados nas proximidades das colônias, fato que parece estar associado com a presença de pelo menos dez ninhos fortes nas redondezas. Esses meliponicultores sabem que as jandaíras fazem ninho naturalmente nos ocos das árvores imburana, catingueira, umbuzeiro, pereiro, pau branco e cajarana.
Todos conhecem quais são as plantas boas para as abelhas e poucos plantam para as abelhas com uma única exceção. Algumas espécies de plantas citadas como sendo visitadas pelas jandaíra foram: marmeleiro, beduaga, maniçoba, jitirana amarra cachorro, jitirana peluda, jurema preta, jurema branca, feijão de boi, malva, malva roxa, mufumbo, velame, cássia chuva de ouro, caju, amor agarradinho, salsa, moringa, carnaúba, pitanga, herbanço, gudião e sabiá, esta planta, conhecida aqui no sudeste como sansão do campo.
O mel é vendido entre 30-100 reais o litro, dependendo da região e do poder aquisitivo da população local. Com exceção do mel de aroeira, que se cristaliza rapidamente, todos os méis observados eram líquidos, com teor de água variando de 25-32%.
A população do nordeste considera o mel de jandaíra como medicinal, usando-o no tratamento de doenças das vias respiratórias (ingerido ou em nebulizador), nas dores de ouvido (aquecido), em feridas e picadas de cobra (como emplastros) em ardências e inflamações de olhos (como colírio puro ou diluído) e ainda como fortificante (puro, na gemada, diluído na pinga, etc).
A alimentação artificial é recurso utilizado na época de falta de flores na natureza ou para reforçar o ninho. Mel de Apis ou xarope de água com açúcar são colocados diretamente nos potes vazios de dentro da colméia ou oferecidos em bandejas com flutuadores nas imediaçoes das colméias. A CAPEL foi a única de desenvolveu um alimentador externo padrão, em formato de “J” com bocal para a parte interna da colônia e uma garrafinha com xarope na parte externa.
Fato notável é que todos os meliponicultores que conhecemos tiveram interesse especial em divulgar seus conhecimentos sobre o manejo das abelhas nativas e dos locais onde elas ocorrem naturalmente, dados que nem sempre estão nos livros. No entanto, todos queriam saber mais sobre a vida das abelhas, pergunta difícil de responder porque lá, eles é que sabiam mais....
Expressamos nossos agradecimentos especiais aos meliponicultores que nos receberam tão bem e tornaram possível e acessível as visitas e as observações acima relatadas. Pela ordem de visita: Renato Barbosa, Alexandre Moura, Francisco Chagas e Ricardo Cantarelli, de Recife-PE e arredores. Severino da Silva Xavier de Timbaúba-PE, Fernando Xavier Bezerra de Taquaritinga do Norte-PE, Naelson Antonio de Souza de Passira-PE, Breno Freitas e Luis Wilson Lima Verde de Fortaleza-CE, Paulo Roberto Menezes de Mossoró-RN, Valdemir Fernandez de Medeiros de Areia Branca-RN, Tertuliano Aires Neto em Macaíba-RN e Ezequiel Roberto Medeiros de Macedo do Jardim do Seridó-RN.

terça-feira, 11 de maio de 2010

ALIMENTADOR COLETIVO - EFICIENTE E BARATO, FÁCIL DE FAZER.

Abenautas e Internautas,

Estarei usando neste inverno estes alimentadores, são eficientes e muito práticos, usem e abusem.... vocês vão gostar e suas abelhas também.

ALIMENTADOR EM USO

CORTE O FUNDO DE UMA GARRAFA PLÁSTICA, 
PODE SER DE 1 OU 2 LITROS

FAÇA UMA JANELA DRENO, DA ALTURA DA LÂMINA QUE DESEJA, 
EU DEIXEI 4MM

VIRE A GARRAFA JÁ SEM FUNDO E BEM FECHADA,
COLOQUE O XAROPE

TAMPE COM O PRATO QUE QUIZER, 
SOBRAS DE BEBEDORES DE AVES OU PINTOS, COMO OS DA FOTO.
PRATOS DE PLANTAS PRETOS DE QUALQUER TAMANHO, ETC. 
DAÍ É SÓ VIRAR RÁPIDO
COLOCAR EM VÁRIOS LOCAIS DO MELIPONÁRIO. BOA SORTE


VEJA A EFICIENCIA DESTE ALIMENTADOR COM GARRAFA PET

ALIMENTADOR NO PRATO PRETO USADO EM VASOS COM PLANTAS. 
USO TAMBÉM PALHAS, FACILITANDO O POUSO E QUE NÃO SE MOLHEM. 
PROFUSÃO DE ASF: URUÇUS NORDESTINAS, JANDAÍRAS , MANDAÇAIAS, PARTAMONAS


AS VEZES ACONTECE,
CENTENAS DE TATAIRAS INVADEM UM ALIMENTADOR COLETIVO. 
TODAS AS OUTRAS ASF FOGEM.... 





terça-feira, 4 de maio de 2010

O forrobodó das Jandaíras

Meliponário UrbanoTem gente que estuda e pesquisa, tem gente que escreve com facilidade. Entre os meliponicultores tem alguns que reúnem essas qualidades. Quando isso acontece, é muito gostoso ler os seus artigos. Vou transcrever aqui o último artigo do Kalhil, do Meliponário do Sertão. Um Meliponicultor com M maíusculo, Pesquisador e Estudioso das nossas abelhas nativas, além disso escreve de uma forma que torna a leitura de seus artigos muito agradável. 

Aí está um artigo dele:

O Forrobodó das Jandaíras!!!

Todo ano é assim, chegado o período de inverno algo diferente começa acontecer com as minhas colônias de Jandaíras. Sinceramente, nunca dei muita bola para esse comportamento pois sempre achei que fosse apenas algum destempero provocado pelo excesso de chuvas ou mesmo alguma irritação provocada pelo grande volume de manejo por nós do meliponário em quase todas as caixas, tanto para colher mel como para desdobrar as colônias.



Acontece que todo mês de maio as abelhas simplesmente escolhem algum lugar no meliponário para fazerem aquilo que o Monsenhor Humberto Brumeng passou a chamar de o "Forrobodó das Jandaíras". É uma aglomerado de abelhas em lugares geralmente sombreados onde se pode perceber todo tipo de gente alada nesses encontros.
É realmente uma grande muvuca, chega gente de todo lugar com as mais variadas intenções, fazendo uma comparação com um tradicional festa de forró, podemos dizer que essa festa tem um motivo de  comemoração aparente, estamos diante de uma enxameação.
Na verdade, não é bem uma enxameação, mas sim pontos de fecundação. Já pude constatar que boa parte das abelhas que estão nesses lugares são machos, não é a maioria, mas a presença desses rapazes nessa região denuncia que alguma coisa os atrai para esses lugares. Para descobrir o que realmente os atraía passei esses últimos 12 dias praticamente com olhos vidrados nesse gente farrista. 
Para estimular resolvi posicionar uma pequena caixa no intuito de provocar ainda mais o alvoroço. E parece que deu certo, o que era apenas um pequeno baile de 15 anos se tornou uma grande vaqueijada.
Para explicar o que vi e o que vejo, nada melhor que contar uma paródia a respeito desse povo de asas que tanto gosto.
"Há gente servindo bebida como se fossem as garçonetes da festa, bem como um pessoal que chega carregado com muito pólen, o curioso é que antes da caixa elas simplesmente serviam aos participantes do evento, agora passaram a estocar dentro da caixa, por que será??? Talvez alguém venha a reinhar
naquela casinha...
Os mais invocados são os machos, se posicionam na cabeceira da danceteria e esperam alguma moça velha passar para humildemente solicitarem um copo de vinho, alguma, de bom coroção, acaba cedendo um líquido açucarado ao cavalheiro em sua boca...



Não satisfeito com tal cortesia do beijo doce o cabra se atreve e chamar a moça velha para dançar, a resposta ríspida é quase que imediata - O Dr. não sabe que moça velha não gosta de dançar acompanhada, procure uma moça nova,  procure uma princesa!!!


O cavalheiro baixa a cabeça e recua voltando a posição de espera, acuado, fica a observar todas as outras a dancarem sozinhas...
Mas já dizia o profeta, Deus tarda mais não falha!!! A persistência vale a pena, derrepente chega uma moça solitária, de coloração chamativa acentuada, levemente dourada, sua cor parece denunciar ser de família importante...




Mal pousa na pista de dança e as moças já passam a trata-lá com afeição, parece que todas querem ser amigas daquela jovem moça que atrai muitos olhares, principalmente dos rapazes que passam a se amostrem sem pudor... 
- Olhe princesa, eu sou o mais forte. Outro passa e diz: - Ele é o mais forte mas eu sou o mais bonito. Nesse instante outro mais afoito toma a vez e diz: - Não olhe para eles, eu sou o mais inteligente.



A pobre moça, ainda desconcertada com tantos galanteios, demonstra timidez, mas no fundo já sabe muito bem a quem lhe entregará o seu bem mais precioso, a sua castidade.
Rapidamente, as moças mais velhas conduzem a jovem princesa para um canto reservado, longe de olhares humanos curiosos e sedentos por fotos de uma evento único na vida de uma moça pura. Ora, nada mais lógico, quem já viu intimidades no meio de um salão?
O galã, já afoito para a consumação do ato parece ser preparado pelas irmãs mais velhas... - Olhe, vá devagar viu!!! A moça é pura e nunca fez isso na vida e essa será a única vez, faça de um jeito que lhe traga boas recordações.



O galã, quase não contendo sua anciedade diz: - Não se preocupe minha senhora, essa  também é a minha primeira vez e terei paciência suficiente para aproveitar todos os segundos desse momento. Não demora muito e a princesa, de modo singelo e pacato, chama o rapaz para dentro da caixa e lá, no escurinho do cinema a coisa literalmente acontece.
Algum tempo depois o rapaz, saciado de tanta paixão, sai da caixa e cai no meio do salão. Exausto, ainda dá tempo para falar algumas palavras antes de partir dessa para melhorar: - Gente, a moça agora é senhora!!!
O rapaz falece, mas todas passam a voar de alegria, é a primeira vez que vejo a morte de alguém ser tão comemorada...
Já é tarde, todavia o forrobodó não vai parar tão cedo, pois muitas outras moças novas ainda vão passar por ali e algum outro galã pode ter a sorte de morrer feliz..."
att,
Mossoró-RN, 04 de maio de 2010.

Kalhil Pereira França







Meliponário do Sertão




sexta-feira, 16 de abril de 2010

Meliponário-Escola - Formando Pasto Apícola

Mensagem que recebemos do Pedro Paulo:

"Amigos,

"Em nosso Meliponário-Escola não tratamos apenas das abelhas, aqui também fazemos experimentos e multiplicamos plantas de bom potencial melífero ou polinífero, principalmente as que melhor se adaptam ao nosso clima e às nossas abelhas nativas.


"Vejam essa foto, um explêndido cacho de flor de mutre com mais de cinco abelhas sem ferrão, entre elas  uma jandaíra.



"Nesta segunda foto, vemos um pasto apícola diversificado, mutre e  flor da venezuela no primeiro plano e ainda sem flor, ao fundo, podada redonda, outra planta também venezuelana, a megaskepasmas ou justicia-vermelha, mais adiante veremos um flor dessa planta. Ao fundo a mata virgem da Serra dos Orgãos e a edificação onde a AME-RIO faz suas reuniões.



"O Cosmos é fartamente plantado, uma das poucas fornecedoras de pólen, nos meses de outono e inverno. Notem a situação privilegiada de acesso do Meliponário-Escola, sede campestre da AME-RIO, à margem da rodovia Rio-Teresópolis, no meio da mata e no início da Serra. São 20.000 m2, riacho de água potável e clima quente e húmido.


Esta é a flor da Megaskepasmas, Justicia-Vermelha, que falamos anteriormente, além de bonita é muito atrativa para as abelhas. 


"Este é o mutre vindo do Paraná, notem a diferença das folhas, compare-as com às da próxima foto. Tomara que a as duas sub-espécies, tenham o mesmo desempenho nas floradas.


"Este é o mutre que estamos multiplicando e que já confirmamos ser super atrativo para nossas abelhas nativas.

"Um abraço a todos,


"Pedro Paulo Peixoto
Presidente da AME-RIO"