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quinta-feira, 31 de março de 2011

Jataís no Paraiso

Amigos da AME-RIO e Internautas,

Hoje, navegando na Internet, encontrei uma matéria no site catarinense, Portal GC, sobre a criação de Jataís (Tetragonisca angustula), em Paraiso - SC. Essa matéria mostra como Irineu Döring, agricultor da cidade de Paraiso, maneja suas colônias.

Poucas vezes eu li reportagens, em jornais e revistas, que expelhem a verdadeira realidade dos criadores, com a precisão da matéria assinada por Marcelo Both. 

Ela nos mostra o dia a dia do seu Irineu e os cuidados que ele toma ao  fazer multiplicações,  lembra que é preciso tomar vários cuidados para garantir o sucesso das mesmas. Mostra também que não podemos dividir a toda hora, sob pena de perdermos as colônias.


Fala também em capturas, mas da forma correta, através de caixas iscas. Infelizmente mostra também uma das piores partes na criação de nossas nativas, a atuação de amigos do alheio.
Depois nos conta de um projeto de Guaramirim, também em SC, que pretende aumentar a quantidade de Jataís em suas matas e da atuação de funcionários da Epagri.

Como gostei muito da matéria, a transcrevo abaixo. 
Clique na manchete, para ver a matéria no sites original.

Todos já devem ter notado que ando um pouco preguiçoso e essa é a segunda matéria seguida em que uso a metodologia "copia e cola". É bem provável que isso se deva a falta de inspiração, mas prometo que logo, logo, volto ao relato de minhas visitas a amigos, que também criam abelhas.

E quem sabe, com esta postagem eu acabe fazendo mais alguns amigos.

Uga,
José Halley Winckler


Notícias / Geral

quarta-feira, 30 de março de 2011 - 17h05
Agricultores de Paraíso apostam na criação da abelha que não possui ferrão e produz mel com propriedades medicinais
Marcelo Both
"Eu vou dividindo os enxames. Geralmente elas têm duas rainhas, uma embaixo e outra mais encima do ninho. Aí é só ter cuidado na hora de cortar e dividir em duas caixas",
PARAÍSO

      Quarenta e cinco anos. Este é período de tempo que seu Irineu Döring, agricultor de 66 anos, cria abelhas Tetragonisca angustula, a Jataí, também conhecida como abelha nativa ou abelha sem ferrão. A abelha é comum nas matas da região e conhecida por produzir um mel saboroso, suave e bastante procurado por suas propriedades medicinais. Residente em linha Castelo Branco, interior de Paraíso, seu Irineu Döring possui atualmente aproximadamente 60 colmeias que são criadas nas matas próximas a sua residência. Ele explica que a criação iniciou com quatro enxames e que aos poucos foi ampliando. "Eu vou dividindo os enxames. Geralmente elas têm duas rainhas, uma embaixo e outra mais encima do ninho. Aí é só ter cuidado na hora de cortar e dividir em duas caixas", explica.
      Porém, Döring acrescenta que é preciso tomar cuidado, pois um procedimento errado pode matar o enxame. "Você deve deixar a caixa nova no local da velha, e a velha deve ser levada para outro lugar, se não as abelhas voltam e vão todas na colmeia nativa e abandonam a nova. Se fizer assim e deixar a nova no local, levando a velha para outro ambiente, em poucos dias os dois enxames estão recuperados e trabalhando normalmente", detalha. Ele diz que não é possível fazer a divisão com muita frequência, pois isso pode enfraquecer a colmeia. "É preciso cuidado. Não há um tempo definido, mas geralmente demora de um a dois anos para que seja possível dividir e elas sobreviverem, mas isso depende do enxame também, se é um forte ou fraco", observa.

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CAPTURA

      Outra forma citada por Irineu para aumentar a quantidade de enxames é a captura de novas colméias. Ele informa que não é tão difícil a captura, pois na região há abelhas em abundância. "Tem muito por aí nas matas. É só você pegar uma caixa e colocar um pouco da cera dentro que elas entram", garante. Seja por captura ou divisão, o agricultor têm ampliado a quantidade de colmeias. Ele diz que sempre gostou de criar abelhas, inclusive as de ferrão, mas que a maior paixão é pela Jataí. O agricultor revela que aprendeu a maioria das técnicas com seu pai. "Mexia com abelhas desde os nove anos de idade, com o meu pai", conta. Döring também reconhece que leu alguns livros que tratavam do assunto. "Frequentei alguns colégios agrícolas. Tive a oportunidade de ler alguns livros. Seja com conhecimento prático ou dos livros fui aprimorando", relata. 


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COMO ARMAZENAR O MEL
     Conforme Irineu, após alguns anos, com a prática e algumas pesquisas, ele constatou que o mel requer alguns cuidados para ser armazenado. Segundo ele, para que o mel fique líquido e com o mesmo sabor é preciso que seja mantido em temperaturas próximas a 10º C. "Ele deve ficar próximo de 10º C. Nem muito mais, nem muito a menos. Se não azeda e pode até fazer mal. Se congelou, ele estraga e você pode jogar fora. Se esquentar demais ele começa a separar a água das outras propriedades", afirma. Seu Irineu garante que se o mel for tratado dessa forma, permanece próprio para consumo por mais de anos. 


"Como não estava aqui veio muita gente e roubaram minhas abelhinhas. Eu tinha perto de 300 colmeias de Jataí. Eu tinha feito um mapa para me localizar de tanto que eu tinha. Aí vieram esses "caras" e levaram. Sem contar na quantidade que estragaram", conta.
Furtos fazem irineu desanimar
      O número de 60 enxames, não parece tão expressivo para quem cria abelhas há 45 anos e com tanta experiência no assunto. É possível perceber na expressão facial de Döring, o lamento, ao comentar um incidente que vem ocorrendo ao longo dos anos e que se intensificou no em outubro do ano passado. Ele relata que morava sozinho e passou um período de quase duas semanas internado, devido a uma inflamação nos ouvidos. "Como não estava aqui veio muita gente e roubaram minhas abelhinhas. Eu tinha perto de 300 colmeias de Jataí. Eu tinha feito um mapa para me localizar de tanto que eu tinha. Aí vieram esses "caras" e levaram. Sem contar na quantidade que estragaram", conta.
        Seu Irineu relata que ficou muito triste com o acontecimento. "É triste você cuidar com tanto carinho de uma coisa que o pessoal simplesmente vem e leva, ou pior ainda, estragam. Isso é um crime. Simplesmente melaram um monte delas e deixaram as caixas abertas. Tem uma grande quantidade que morreram", lamenta. Döring não esconde o desgosto e diz que não pretende mais continuar com a criação. "Estou velho e não pretendo mais continuar. E depois não adianta você criar os bichinhos com amor e os caras simplesmente levarem embora", argumenta. O agricultor diz que registrou queixa na Polícia e que o caso está sendo investigado.
Conforme Döring, antes do furto, costumava produzir mel em grandes quantidades. "Nunca melei elas em uma época só, mas sempre tirava de trinta a quarenta quilos por pegada. Chegava a retirar até um 1,3 quilos por caixinha", afirma.


. "São várias partes encaixadas uma encima da outra (conforme imagem). Tem a base, mais três partes, uma divisória interna que é furada, mais duas partes e a tampa"
PARCERIA
     Como pretende parar de criar, as abelhas de Irineu não serão abandonadas. Elas fazem parte das colmeias que serão enviadas para o município de Guaramirim, no Norte do estado. Isso ocorre através de uma parceria firmada entre as prefeituras de Paraíso e Guaramirim, na área da meliponicultura, que trata da criação de abelhas nativas, as Jataís. O extensionista da Epagri de Paraíso, Carlos Paganini, explica que na região Oeste, a abelha Jataí é muito comum, diferentemente do que ocorre em Guaramirim.
      Há cerca de um mês, dois técnicos vindos de Guaramirim, visitaram algumas propriedades no município e firmaram a parceria que compreende a aquisição inicial de 200 caixas racionais para a criação de abelhas Jataí. De acordo com Paganini, as caixas serão fabricadas pelo agricultor Roni Zanin, residente na linha Parque São Miguel, interior do município. O extensionista conta que os criadores como Irineu Döring, utilizam caixas rústicas, ou seja, caixas retangulares ou até mesmo troncos de árvores ocos, que são cortados nas duas extremidades e fechados com tábuas. Ele explica que caixas racionais, são confeccionadas de um modo e estrutura diferente.
      Roni Zanin detalha o processo de confecção da caixa racional. Segundo ele, as caixas racionais são feitas em forma de torre. "São várias partes encaixadas uma encima da outra (conforme imagem). Tem a base, mais três partes, uma divisória interna que é furada, mais duas partes e a tampa", explica. Segundo Zanin, internamente a caixa fica com o formato arredondado, parecido com um tronco oco. Ele diz que a madeira mais ideal para a confecção é o Cedro, porém devido à escassez e quase extinção da planta, outras madeiras podem ser utilizadas. 


Jataí é considerada a mais eficiente polinizadora entre as abelhas
MEL E POLINIZAÇÃO
      De acordo com Carlos Paganini, o mel da Jataí possui propriedades medicinais e valor de venda elevado. Segundo ele, na região o mel de Jataí é comercializado por cerca de R$ 30,00 o quilo, mas que em grandes centros urbanos, como São Paulo e Curitiba, pode ser vendido a R$ 50,00 o quilo. Paganini ressalta que mesmo tendo valor medicinal e preço elevado, o principal interesse do município de Guaramirim em estimular a criação das abelhas nativas é a polinização ambiental, já que a Jataí é considerada a mais eficiente polinizadora entre as abelhas.
     Paganini salienta ainda que o intuito não é retirar os enxames de Paraíso, mas sim, através do apoio e assistência da Epagri, utilizar a técnica de divisão para criar novas colmeias e ampliar ainda mais o número de enxames existentes.


VALOR MEDICINAL
     O mel de Jataí, além de saboroso e suave, é bastante procurado por suas propriedades medicinais. É usado como fortificante e antiinflamatório, principalmente no tratamento da asma, bronquites e tosses fortes e constantes. Além disso, é considerado digestivo, laxativo, diurético e Anti-anêmico. Além do mel, a jataí produz ainda própolis, cera e pólen de boa qualidade.


Fonte: Gazeta Online

2 comentários:

  1. Gostei da postagem, principalmente pelo amor que se percebe no Irineu.

    Lamentavael é história dos ladrões. Pensar na possibilidade já me tira o sono. Não conformo por haver tantas pessoas que hajam assim.

    Achei estranho apenas uma divisão a cada dois anos. Pouco mesmo.

    A história das duas rainhas por caixa... Nunca tive este prazer de ver.

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  2. Olá amigo João Luiz,

    Essa matéria não é minha, é reprodução de matéria do Portal GC.

    Infelizmente a história dos ladrões é uma realidade que afeta seriamente os meliponicultores e apicultores catarinenses.

    Quanto ao tempo necessário para a divisão, precisamos lembrar que o clima de lá é bem diferente do clima do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, mas acredito que possa ser problema de edição, ele pode ter dito que só pode dividir depois de dois anos, referindo-se a idade mínima para dividir a colônia e não ao período mínimo entre cada divisão.

    Sei que os grandes criadores de Jataí de lá, não fazem divisões em colônias que não tenham atingido dois anos.

    Quanto a poligenia em colônia de Jataí (existência de mais de uma rainha), sei que é possível, mas também nunca consegui observar. Mas já ouvi falar de auto-divisão de colônias, dentro de uma mesma colméia. Nesses casos, normalmente elas separam tudo, não só o ninho de postura, até os pitos de entrada são separados.

    Agora o que mais me chamou atenção nessa reportagem foi o valor oferecido aos produtores pelo mel de Jataí, bem abaixo do que se comenta em nosso meio.

    Uga,
    José Halley Winckler

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