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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Como me engracei com a alemãzinha e o cara que deu força.



Era uma vez, há muito, muito tempo, na época que meus sonhos superavam em muito minhas lembranças, naquele tempo eu criei abelhas. Sério,  nada sério, apenas três caixas, enxames medianos de uma abelha dita italiana, Apis melífera, bem amarela e extremamente dócil, fumaça do cigarro abria a caixa, alvoroço nenhum. Tudo bem, produtividade não era seu forte, mas o manejo era fácil. O rei do mel sonhou. Crescer a produção, rápido, mais três caixas, qq coisa serve, vieram as afrodecendentes. Proteção fraca por mau costume, ferroadas fortes não previstas, o rei do mel acordou e o apicultor se perdeu.

Ano passado, pesado de lembranças e muito leve de sonhos, molho de um mês, depois de um EPA (Edema Pulmonar Agudo) e três dias de UTI, tempo de sobra e banda larga. Tirei brevê de Internauta. Voava livre, leve e solto, mais a deriva do que pilotando, heis que, senão quando, num solavanco do Google fui jogado num lugar chamado: Apicultura e Meliponicultura.
Apicultura?  Boas lembranças e outras doloridas... enveredei pro outro lado.  Meliponicultura?  Mundo fascinante, quase conhecido, promessa das alegrias da apicultura, sem inchaços amanhã. Tudo que queria, voltei sonhar-me rei do mel. Duas semanas inteiras mergulhado em artigos, blogs, imagens, entrevistas, papel borrão absorvendo o que podia e pensando o que não podia.


Orkut  lotado de comunidades. Me engracei com a lourinha, que alguns chamam: alemãzinha.  Topei com o grupo ABENA, mais informação do que eu podia absorver. E as abelhas? Eu queria era abelhas, precisava de abelhas, de alguém que vendesse abelhas. Descobri que ele morava no Rio, razoavelmente perto de casa.        
Passei e-mail, liguei e deixei recado, outro e-mail, me atendeu finalmente: - Só um momento... Demorou um pouco, fez barulho e eu tasquei:  Já taí? – Sim, tenho jataís, iraís, mandaçaias... – Eu quero uma colméia. – Tudo bem, você conhece, já manejou? – Não nunca, mas li muito e não vou ter problemas. – Não adianta, primeiro você precisa aprender na prática.  Não adianta comprar, sem saber manejar.
Pegou...  pensei, o cara notou que sou neófito, não sei nada, aí vem um curso goela abaixo e dinheiro bolso fora. Na Internet tudo é fácil, você começa no outro dia utilizando uma garrafa isca, pega  três enxames por semana, transfere para caixas simples de construir.  Tá tudo numa cartilha que tem página e meia. Agora vão tentar me empurrar um curso, isso vai custar mais que as abelhas.
Aí o cara falou: - Estou com uma caixa de Jataí, lá em casa, preciso transferir, quer acompanhar? Assim você aprende uma pouco antes de comprar as suas abelhas, na segunda feira, se tiver sol, pode passar lá em casa, 9:30h. Claro que 9:00h, segunda, 3 de agosto 2009, eu ali rente, bem na frente da vila onde o dito cujo morava, só esperando a hora chegar, tava um pouco nublado, mas a torcida pelo sol valeu.


Uma prateleira com algumas caixas, outras caixas fora da prateleira. - Aqui são só algumas abelhas que estou tratando, o meliponário mesmo fica em outro lugar, mas quando eu recebo alguma abelha de fora ou faço algum resgate de abelhas sem ferrão, eu trago prá cá, é mais fácil cuidar.  Ou quando preciso fazer uma entrega. Mas deixa eu lhe mostrar algumas abelhas.
Esta é a Iraí


Entrada de uma Mandaçaia

Esta é a Jataí (Tetragonisca angustula) - A alemãzinha.

Vamos mudá-la de caixa, essa está velha e o compensado é muito fino.

Precisamos desmontar a caixa com cuidado.

Muito cuidado para não machucar o ninho, nem matar abelhas.

Ih, e o cara aí, máscara para Jataí? Ele disse que elas, as vezes ficam, um pouco agressivas enrolam e mordem, e para não molestar as abelhas ele prefere usar o casaco de apicultor.

Colônia bonita, mel, pólem, muito cerume. A caixa era fina mas as abelhas estavam bem protegidas.

Vamos ter que tirar tudo por fora, até ficar só com o ninho.


Separando cada camada, com todo o cuidado. 

Não é bom furar os potes de mel ou pólem.

Vamos tirando camada a camada, até ficar só o ninho, envolto apenas por cerume.

Tem que ser bem devagar, para a Rainha não se esconder. Estão vendo a rainha?
Um click na foto e vai expandir.

Agora estamos descolando o ninho do fundo.

Vamos colocá-lo com cuidado na caixa nova.

Sem amassar o ninho, para não afetar os discos de cria.

Devolver o pólem e o mel que não estejam machucados e o máximo de cerume possível.

E envolver bem o ninho, com esse material.

Sempre preocupado em não amassar o ninho.

Todo alimento que não estiver rompido deve ser levado para a nova caixa.

Colocar um pouco de cera da abelha em volta da entrada e colocar a caixa onde estava a outra. Olhem aí, as abelhas já entrando para a caixa nova.

Quebrei a cara, com o cara, ele perdeu mais de duas horas comigo, me mostrou um monte de abelhas e ainda me convidou, para na outra semana fazer uma transferência por conta própria. Não me cobrou coisa nenhuma. E eu pensando que iriam me empurrar um curso prático e tentar me arrancar dindim.

Mas já tá tarde e a postagem ficou longa demais, então continua em breve.... aguardem para ver como o cara continuou me ajudando....


Para a segunda parte da crônica, clique aqui

6 comentários:

  1. Muito bom!! é muito compensador encontrar pessoas com o prazer de ensinar de repassar o que sabe sem medo, principalmente nesse primeiro contato, quando o medo e a ansiedade tenta dominar nossas atitudes, parabéns.
    abç,
    Nelson Campello

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  2. Cara, parabéns pela postagem, uma das melhores do Blog da AME-Rio.

    att,

    Kalhil Pereira França
    www.meliponário do Sertão
    Mossoró-RN

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  3. José Halley.

    Gostei muito da crônica. Nela ficou muito bem retratado o espírito da grande maioria dos meliponicultores que sente alegria e prazer em compartilhar o que sabe e conseguir novos adeptos.

    Que bom, além do nosso amigo de de Mossoró, agora surgiu outro cronista meliponico.

    João Luiz
    meliponariocapixaba.blogspot.com

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  4. Amigo Winckler,realmente muito boa sua postagem...
    Ainda bem que a maioria das pessoas, que criam abelhas nativas,tem esse desprendemento,essa paixão,pois quando estão falando das abelhas,nada mais importa...esqueçemos os problemas,ficamos totalmente envolvidos,nesse assunto tão fascinante...


    Um abraço.
    Paulo Romero.
    Meliponário Braz.
    João Pessoa,PB.

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  5. Caro amigo José Halley,

    está matéria é muito boa, pois a cada passo da transferência nos faz perceber a paixão, o carinho e o pleno conhecimento que estas abelhas nos proporcionam mostrando para nos seres humanos que com a união, organização e o cuidado que cada abelha tem para deixar a colmeia produtiva e crescendo em harmonia, assim sejamos todos nós meliponicultores.

    Um grande abraço!

    Christiano Figueira

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  6. Boa Tarde! Sou ambientalista e entusiasta de 6 RPPNs em Nova Friburgo, RJ e gostaria de instalar seis enxames de abelhas nativas brasileiras para estimular a polinização das áreas de preservação.

    Onde posso conseguir os enxames e as caixas aqui no estado do Rio de Janeiro?

    Qual a espécie de abelha indicada para a minha região - Mata Atlântica de aproximadamente 1.000 m. de altitude?

    Existe algum produtor próximo à capital do estado, ou próximo a Nova Friburgo?

    Existe alguma literatura para iniciantes?

    Como faço para participar da visitas ao Jardim Botânico no próximo dia 9/10?

    Por favor poderia responder ao endereço: gnaisse@bol.com.br ?

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