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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Técnica de Alporquia


Abenautas e Internautas,

Uma das formas de melhorar a alimentação de nossas abelhas é aumentar o pasto melífero da região, multiplicando plantas com bom potencial nectarífero ou polinífero. Mudas de Mutre e de Acacia Imagium podem fácilmente ser produzidas por alporquia, vou mostrar aqui como faço, quem quiser faça igual que dá certo.

O método da alporquia é um dos métodos mais antigos usados para a reprodução de plantas. É recomendado para a multiplicação de espécies que produzem caules e ramos rijos e lenhosos ou que sejam difíceis de enraizar por estacas de galho.

O processo consiste, principalmente, em incentivar uma região próxima à extremidade de um caule principal ou de um ramo lateral a produzir raízes. Assim, com a separação da extremidade enraizada, é possível obter um novo exemplar da planta.


Escarificar o galho no local onde se quer o enraizamento e colocar ácido indol butílico em pó. 


Envolvemos o galho com esfagno molhado. 
Em vez de ácido  indol butílico em pó,  podemos colocar, no esfagno, enraizador líquido, dá no mesmo.


Damos a forma adequada. 


Envolvemos em filme fino, vendido no comércio.



Prendemos bem as pontas.


Finalmente, garantimos a permanência da água e pressão, com tiras de borracha de câmara de ar de bicicleta.

Após algumas semanas, as raízes começarão a surgir através do esfagno. Retire, o plástico e corte o caule logo abaixo da bola de esfagno, usando uma tesoura de poda e fazendo um corte horizontal. Prepare um novo vaso com uma mistura de solo adubado e plante a nova muda imediatamente. Mantenha o esfagno no local, para não danificar as novas raízes. Regue em seguida.

Finalmente, a flor da Venezuela desabrochou!

Abenautas e Internautas,


Estava sentado, recuperando-me de uma faina cansativa de fazer alporques de mutre e de acácia imagium, distraia-me ver as trigonas, ágeis, visitando as flores brancas, amarelas e lilases no jardim melífero do nosso Meliponário Escola, surpreendeu ver que as lilases eram as flores da Venezuela, iniciando o desabrochar, timidamente.

Vejam as fotos:



FLOR DA VENEZUELA, ASTES FLORAIS.
UM ANEL DE PEQUENAS FLORES LILAZ, SE DISTRIBUEM AO LONGO DAS ASTES.




FLOR DA VENEZUELA
ARBUSTOS COM 2,50 m.

Hoje foi o início da floração, entre dezenas este foi o primeiro a florir. Local muito ensolarado, solo fraco. Não senti ainda o perfume das flores, mas, sim, o intenso odor das folhas, com visitação intensa de Trigonas.


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Meliponário-Escola - Formando Pasto Apícola

Mensagem que recebemos do Pedro Paulo:

"Amigos,

"Em nosso Meliponário-Escola não tratamos apenas das abelhas, aqui também fazemos experimentos e multiplicamos plantas de bom potencial melífero ou polinífero, principalmente as que melhor se adaptam ao nosso clima e às nossas abelhas nativas.


"Vejam essa foto, um explêndido cacho de flor de mutre com mais de cinco abelhas sem ferrão, entre elas  uma jandaíra.



"Nesta segunda foto, vemos um pasto apícola diversificado, mutre e  flor da venezuela no primeiro plano e ainda sem flor, ao fundo, podada redonda, outra planta também venezuelana, a megaskepasmas ou justicia-vermelha, mais adiante veremos um flor dessa planta. Ao fundo a mata virgem da Serra dos Orgãos e a edificação onde a AME-RIO faz suas reuniões.



"O Cosmos é fartamente plantado, uma das poucas fornecedoras de pólen, nos meses de outono e inverno. Notem a situação privilegiada de acesso do Meliponário-Escola, sede campestre da AME-RIO, à margem da rodovia Rio-Teresópolis, no meio da mata e no início da Serra. São 20.000 m2, riacho de água potável e clima quente e húmido.


Esta é a flor da Megaskepasmas, Justicia-Vermelha, que falamos anteriormente, além de bonita é muito atrativa para as abelhas. 


"Este é o mutre vindo do Paraná, notem a diferença das folhas, compare-as com às da próxima foto. Tomara que a as duas sub-espécies, tenham o mesmo desempenho nas floradas.


"Este é o mutre que estamos multiplicando e que já confirmamos ser super atrativo para nossas abelhas nativas.

"Um abraço a todos,


"Pedro Paulo Peixoto
Presidente da AME-RIO"

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Abelhinha velha prá xuxu!

O âmbar Dominicano é conhecido não só por sua transparência e brilho, mas também pela grande variedade das suas inclusões: insectos, aracnídeos e fragmentos botânicos podem ser encontrados em seu interior. 

Este fragmento de âmbar lapidado vem das minas de La Bucara e seu conteúdo é muito original: uma abelha sem ferrão, com a língua extendida.

Do genero Proplebeia dominicana, a abelha parece estar voando com a língua para fora. Esta espécie viveu no período do Mioceno (entre 20 e 15 milhões de anos atrás) e está extinta, assim como a árvore do âmbar (Hymenaea protera).



As abelhas sem ferrão são os insectos mais comuns encontrados no âmbar dominicano. Elas recolhiam a resina da árvore a fim de construir seus ninhos e, algumas vezes. ficavam agarradas nessa resina. 

A gema aqui apresentada está sendo leiloada no e-Bay e sua lapidação é em cabochão.

Cabochão vem do francês “cabochon” e significa prego de cabeça arredondada e deu o nome a uma forma de lapidação.

As imagens foram retiradas do site do e-Bay, onde essa gema está sendo leiloada.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Os Aborígenes e as Abelhas sem Ferrão


An Australian Aborigine Playing a Didgeridoo Impressão giclée emoldurada
Os aborígenes australianos são hábeis coletores e fazem a festa quando encontram uma colméia de abelhas sem ferrão. Embora suas abelhas nativas não sejam maiores do que uma mosca, são ótimas provedoras de alimentos. Uma vez encontrada uma colméia, os favos são devorados ansiosamente – cera, mel, pupas, abelhas mortas, formigas, tudo. O galho que é utilizado para retirar a colméia da árvore é jogado no fogo, e por esse simples ato os espíritos das abelhas vão para o céu, o Paraíso dos Espíritos, onde ficam até que Mayra, o Vento da Primavera, sopre vida dentro das flores novamente. Então as abelhas retornam ao Paraíso da Terra para recolher o mel e encher as barrigas da humanidade.

Bees and Honey

Não acredito que as abelhas tenham sido criadas apenas para fornecer alimento para homens e mulheres. Em suas curtas e ocupadas vidas elas se dedicam a recolher mel e armazená-lo para a próxima geração e os seus ninhos ficam bem escondidos entre os galhos e troncos ocos de árvores. Os aborígenes têm vários métodos de descobrir onde estão escondidos os ninhos, mas talvez o mais engenhoso é o caminho que foi descoberto pelos irmãos Naberayingamma. 





Day 5 (26.3.07) - Oodnadatta Track

Estes dois homens Numerji viveram há muito tempo atrás. Eles eram gigantes barbudos que participavam de uma longa caminhada pela terra. Eles nunca tinham visto abelhas, até que chegaram a uma árvore coberta de resina vermelha onde estas pequenas criaturas estavam ativamente envolvidas em seu trabalho.




"Olhe aqui uma coisa maravilhosa", disse o irmão mais novo. "Estes bichinhos estão tirando mel das flores e voam com ele. Gostaria de saber para onde eles estão levando".
"Nós vamos descobrir em breve", disse o irmão mais velho. "Vou mostrar-lhe como descobrir seu ninho. Quando o acharmos teremos mel em abundância  para nós dois. Vá e corte uma forquilha e traga-a para mim".
O irmão mais novo tinha aprendido a confiar sagacidade do seu irmão. Enquanto ele estava procurando por um ramo apropriado, o outro encontrou um galho que continha uma teia de aranha. Ele puxou a teia, e quando o irmão voltou com a forquilha, ele a usou para pegar a teia, e logo subiu nos galhos da árvore vermelha.
"Eu vou colocar pedaços da teia sobre as abelhas", ele gritou para o irmão. "Você então será capaz de enxergá-las claramente. Veja para onde elas vão".
Por algum tempo ele ficou ocupado colocando minúsculos fragmentos da teia de aranha sobre as abelhas que ele conseguiu pegar.
De repente, seu irmão voltou correndo.
"Eu encontrei", ele gritou. "Eles voam para uma árvore oca lá em baixo. É onde o ninho deve estar.
"O Naberayingamma mais velho desceu e os irmãos foram juntos para a árvore oca. Eles quebraram a casca com os seus bastões, retiraram o ninho com o mel e o comeram com avidez.
Desde esta descoberta os aborígines aprenderam a arte de colocar nas abelhas um pedaço minúsculo de teia de aranha ou algum outro material facilmente distinguível  para orientá-los na busca de seus ninhos.
A.W. Reed,  Aboriginal Fables

As imagens dessa postagem foram retiradas da Internet 

domingo, 11 de abril de 2010

Abelha Caipira

Vocês já viram um retireiro ou ordenhador, com um banquinho de um pé só amarrado no traseiro?
Não lembra àquelas abelhas de desenho animado?


Bem, este post não é para bulir com a figura do retireiro, personagem tão importante em nosso meio rural,  e nem para falar do ferrão das abelhas mas para trazer para vocês minha mais recente descoberta: 


As abelhas sem ferrão também ordenham.


É claro que quando eu digo minha mais recente descoberta, não estou dizendo que fui o primeiro a saber disso, não, tem muita gente estudando nossas abelhas e publicando os resultados de seus trabalhos. E eu, como muitos outros Internautas, acabo "descobrindo" artigos e publicações extremamente interessantes, enquanto procuro outros assuntos através das ferramentas de pesquisa.

Nós já sabíamos que nossas abelhas exercem os mais diversos papeis, amas, faxineiras, guardas, coletoras, construtoras, armazenadoras, etc, etc... Mas agora eu descobri um artigo que diz que nossas amigas também ordenham.


Muitos insetos, como as cigarrinhas (Aetalion reticulatum ), passam a vida sugando os sucos das plantas. Porque esta seiva da planta é muitas vezes deficiente em aminoácidos, estes insetos necessitam processar grandes quantidades de seiva para extrair todo o aminoácido que eles precisam. Esta seiva extra pode ser muito doce e é, portanto, atraente para muitos insetos, como formigas e abelhas. Algumas cigarrinhas podem ser estimuladas por abelhas sem ferrão para liberar gotas adocicadas que as abelhas utilizam para se alimentar. A abelha pode então proteger a cigarrinha dos predadores.



Referências:

Almeida MC, Laroca S, 1988. Trigona spinipes (ApidaeMeliponinae): taxonomy, bionomy, and trophic relationships in restricted areas.Acta Biológica Paranaense 17: 67-108
Almeida-Neto M, Izzo TJ, Raimundo RLG, Rossa-Feres DC, 2003. Reciprocal interference between ants and stingless bees attending the honeydew-producing homopteran Aetalion reticulatum (HomopteraAetalionidae). Sociobiology 42: 369-380
Figueiredo RA, 1996. Interactions between stingless meliponine bees, honeydew-producing homopterans, ants and figs in a cerradoarea. NaturaliaSão Paulo 21:159-164
Laroca S, 1997. Mutualism association between Trigona fuscipennis (Hymenoptera, Apoidea) and Anchistrotus amitteraglobus, an Amazonian membracid that suffers natural mutilation of the pronotum. Acta Biologica Paranaense. Jan. Dec. 26:1-8





sábado, 10 de abril de 2010

CAPACITAÇÃO DE MELIPONICULTORES - AULA 1: Aprenda a abrir o Invólucro

Por Pedro Paulo Peixoto


O curso de meliponicultura na Internet e no Meliponário Escola vai começar na prática. Nesta primeira lição vamos ensinar como abrir o invólucro. É claro que nossas instruções só são válidas para aqueles que, como nós, usam um tipo de caixa que permita o acesso total ao ninho. 


Uma pequena janela deve ser aberta, do alto do invólucro até embaixo, se possivelmente num só pedaço, fino e comprido. Descolando suavemente, basicamente com três dedos. 



Com o indicador e o dedo médio devemos fazer uma pequena incisão bem no alto do invólucro e, apoiando com o polegar, efetuamos um movimento para fora, fazendo um  pequeno rasgo no invólucro, retirando uma lamela de cera fina e contínua, que daí há pouco retornará para seu lugar. Isso será mais que suficiente para efetuarmos uma boa vistoria  nos favos de cria.



Vejam na foto acima, o resultado final. As abelhas pouco terão de reclamar das nossas vistorias... Jamais amassar para os lados a cera, nem você, nem as abelhas, conseguirão desamassar e fechar o invólucro.


O Curso pela Internet, começa amanhã, 42 participantes, grupo fechado aos que se inscreveram corretamente pelo e-mail: meliponarioescola@yahoo.com.br


Pedro Paulo Peixoto
Presidente da AME-RIO
www.ame-rio.blogspot.com

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A rainha paranóica


A rainha paranóica

Eduardo Bessa
Naquela manhã no consultório psicanalítico.
A doutora saiu de sua sala ao ouvir os tambores e trombetas e chegou bem a tempo de ver a comitiva real saudando a entrada da rainha enquanto sua secretária, ainda na primeira semana no cargo, se encostava contra a parede oposta assustada.
- Vossa Majestade, que honra recebê-la mais uma vez! Vamos entrando, por favor. - E a analista escoltava a rainha para dentro do consultório.
A rainha havia mudado bastante desde que a doutora a vira pela última vez. E não era apenas a substituição da aparência jovial esbelta e pequena por um traseiro enorme que a rainha agora arrastava atrás de si como um produto das gerações seguidas de filhos que produzia. Antes ela emanava o viço de ter acabado de tornar-se rainha e o frescor que sua única oportunidade de acasalar na vida a tinha concedido. Nesta manhã a rainha parecia exausta e desconfiada.
- O que vossa majestade me conta? - Interrogou-a a terapeuta na penumbra.
- Doutora, nunca imaginei que ser rainha fosse tão duro. Desde que eu era apenas uma larvinha protegida dentro da célula de cria onde cresci eu sonhava em ser uma rainha. E agora que este sonho se realizou sinto falta das coisas boas da vida. - A abelhinha estava deitada no divã, mas percebia-se que seu corpo estava teso.
- É verdade, o poder cobra seu preço. Mas diga-me, o que a perturba?
- Olha, passo o dia todo perambulando pela colméia, eliminando feromônios para inibir as insurgentes e botando incontáveis ovos. O tempo todo minhas operárias se queixam da carga de trabalho e exigem mais ovos, principalmente querem irmãs. Sempre irmãs! Às vezes me pergunto quem é mesmo que manda naquela colméia.
- Trivers também se perguntou isso e as notícias não são as melhores. - Respondeu a psicóloga.
- Todos me perseguem! - Queixou-se a suprema sem escutar o comentário.
- Não é verdade. - Disse a analista.
- Ninguém acredita em mim - Retrucou a rainha.
- Eu acredito, majestade.
- A doutora diz isso só para me agradar.
- Eu não estou aqui para te agradar!
- Por que não? - Perguntou a rainha com olhar tristonho e as asinhas baixas.
rainhaparanoica
Esse círculo branco em cima da rainha não é a coroa
Fonte: D. A. Alves
A abelha agora olhava ao redor, tensa. E continuou: - Na verdade, acho que minhas súditas, hemolinfa da minha hemolinfa, estão se rebelando contra mim. - Por fim revelou a monarca em um sussurro e engolindo em seco.
- Mas isto é muito grave! - Exclamou a terapeuta. - O que a levou a concluir isso?
A rainha fez sinal para que a doutora se aproximasse e olhou para a porta antes de prosseguir com a voz cada vez mais baixa. - Doutora, tem aparecido uns machinhos meio esquisitos das células de cria. Tenho certeza que aqueles não são filhos meus. E, se não são filhos meus, isso só pode ser sinal de um golpe de estado. Bem que a plebe me ameaçou. Se meu reinado não lhes satisfizesse então elas se reproduziriam.
- E você tem certeza de que estes machos são filhos de suas súditas revoltosas? Acho que deveria se preocupar menos, tenho certeza de que são descendentes da antiga rainha. - A voz da analista vindo daquele canto escuro e invisível atrás do divã não deixava a rainha nem um pouco à vontade.
- Você acha que poderiam ser netos da falecida? - A abelha eriçou as anteninhas pensando consigo mesma. - Isso explicaria por que eles nem se parecem comigo, explicaria a presença daquelas operárias tão velhas e ranzinzas e explicaria a devoção de minhas operárias ao cuidado com a minha prole. Talvez então não seja pura falsidade da minha corte. Talvez não estejam querendo me depor ou, pior, arrancar-me a cabeça. - Os ocelos da rainha recomeçavam a ganhar brilho e um esboço de sorriso surgia em seus palpos labiais.
- E não se esqueça que estas operárias remanecentes nem são aparentadas suas, elas não teriam nada a perder em deixar seus filhos aos cuidados das operárias que deveriam se ocupar da sua prole. - Lembrou a psicóloga.
- Estou tão aliviada. Nem dormia mais direito com medo de tornar-me uma Maria Antonieta de seis pernas, ficando com as cerdas brancas da noite para o dia antes da execução. Doutora, te devo a estabilidade política de meu reino. - Bradou a monarca.
- Nosso tempo se esgotou, majestade. Posso esperá-la na próxima semana?
Ao abrir da porta a comitiva real imediatamente se curvou em reverência. A rainha caminhou para fora do consultório parecendo muito mais leve. - Pode apostar, doutora. Até logo.
Alves DA, Imperatriz-Fonseca VL, Francoy TM, Santos-Filho PS, Nogueira-Neto P, Billen J, & Wenseleers T (2009). The queen is dead--long live the workers: intraspecific parasitism by workers in the stingless bee Melipona scutellaris. Molecular ecology, 18 (19), 4102-11 PMID:19744267