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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Tinha uma Pedra no meio do Caminho

"No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio da pedra tinha uma entrada

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
E no meio da pedra tinha uma ..." entrada


Com a licença de Carlos Drummond, acredito que esse é o sentimento do cara que embrionou o meliponário do Parque Nacional da Tijuca.

Para começar esta estória, digo que ela está com atraso de um ano. 

Recebi as fotos que apresentarei abaixo, guardei para desenvolver uma postagem. Da "guardação", caiu no esquecimento. Muitas outras fotos vieram, muitas outras postagens. Mas da incumbência de montar uma apresentação da próxima reunião mensal da AME-RIO, resolvi revirar fotos antigas, e achei uma pasta com o registro do embrião.

A estória começa mais ou menos assim:

No final de 2011, havia dois anos que a AME-RIO andava atrás dos administradores do PNT para fechar uma parceria, e montar um meliponário dentro do parque. Mas para isso, dentre outras coisas, tínhamos que regularizar toda a documentação da AME-RIO. 

Sem que soubéssemos, um cara lá dentro carregava também uma paixão. Uma paixão pela natureza !
Paralelamente enquanto a AME-RIO mandava cartas, marcava reunião, conversava com a administração, regularizava documentos, uma outra corrente de acontecimentos corria silenciosamente ....

Diria que uma Mão Maior agia, pois os próprios frequentadores do PNT influenciaram no destino de um cantinho do parque, para quem conhece, é aquele ao lado do Centro de Visitantes.
O vai e vem dos frequentadores pelas trilhas do parque, especialmente por um caminho, foi o fermento que acelerou o processo da entrada da AME-RIO no PNT.  

Um guardião do parque, que vai e vem pelos seus caminhos cuidando para que tudo permaneça correto, com seu olhar aguçado percebeu uma pedra, e nessa pedra uma entrada. Cauteloso que é pelas coisas da natureza, percebeu que aquela minuscula entrada de pequenas criaturas no meio da pedra, era um imenso obstáculo no meio do caminho ....

No meio do caminho dos frequentadores e no meio do caminho dessas pequeninas criaturas que ali entravam. 
Para os frequentadores causava espanto, pois muitos não conheciam, e quando passavam pelo caminho e notavam uma nuvem a entrar e a sair .... Pensavam: "- Podemos passar? Será que pica?"
Para as criaturinhas voadoras causava estresse, pois o vai e vem de pernas atrapalhava o trânsito, e muitas vezes, havia o excesso de alguns que destruíam a sua entrada no meio da pedra.

Estas criaturinhas eram as Jataís da Terra, olhem como são belas !!!


  Afastando mais um pouco podemos perceber a Pedra ....


E afastando um pouco mais, vemos o caminho ....
E no caminho o cara amante da natureza que se importou com a minuscula entrada no meio da pedra, do meio do caminho, do Parque Nacional da Tijuca ....
Ele é assim ... meio calado, escondido, meio baiano, apaixonado pelo o que o Rio de Janeiro tem ....
E por causa de uma dessas paixões pelo Rio, a paixão de conservar a natureza, resolveu dar uma mão a essas criaturinhas, e então começou a cavar para tirar aquelas pequenininhas do caminho dos grandes .... para deixá-las seguras em outro canto .... 


Inocentemente cavou .... 
Achou que seria logo ali ...


Cavou .... 


Aí colocou mais empenho e cavou mais ...


E cavou .... 


Até que encontrou .... um sinal apenas ...
Puxa !!! Pensou ele !!!


Cavou mais e mais e mais e mais ...


E da pequena entrada no meio do caminho ....
Transformou-se em um poço no meio do caminho ....
Brincadeira a parte ... o estrago foi grande ....  (OBS.: mas foi tudo consertado no mesmo dia ) 


Cuidadosamente colocou material original dentro da caixa ...


Transferiu o ninho inteiro ....


Terra para se sentirem em casa ....


E assim, paralelamente esse cara começou a despertar a paixão dos seus colegas de trabalho por essas criaturinhas ... pequenas, poderosas escavadoras e imprescindíveis colaboradoras da polinização da Floresta !!!

E paralelamente a paixão se alastrou por entre guardas florestais e administradores ....

A paixão foi tão intensa que a caixa ganhou um lugar privilegiado próximo ao Centro de Visitantes ....

E em uma das minhas andanças rotineiras pelo PNT, e vi aquela caixinha fora do caminho .... fui ver e reconheci as Jataís da Terra. 
Eureka !!!! Quem colocou essa caixa aqui ??? E Alberto, funcionário do Parque logo me indicou ... 

_ Matheus o nome dele ... vai procura ele ... ele gosta de abelha !!!

Aí a AME-RIO conheceu Matheus, o anjo da guarda das abelhas do parque ... Com ferrão ou sem ferrão é ele sempre o solicitado ....   

E a paixão de ambos os lados por essas criaturas voadoras e trabalhadeiras, nos fez do final do 2011 rapidamente costuramos uma parceria .... e em março de 2012, lá estávamos na mesa: Zaluar o diretor do parque na época, Matheus chefe da brigada de incêndio na época, Andreias o presidente da Ame-Rio na época, Milena bibliotecária da Ame-Rio na época e eu.


Descobrimos depois da assinatura dos papeis que a caixa do Centro de visitantes não era a primeira a ser salva .... havia outra que foi retirada do meio do caminho...

 

Aí em Março de 2012 Matheus e Lúcio, nos recebem em uma solenidade, e inauguram o Meliponário do Parque Nacional da Tijuca. 



 E agora a caixa que paralelamente contribuiu para despertar a paixão entre funcionários do PNT, não está mais no caminho. Mas é a primeira de um caminho aberto especialmente para exposição dela e das diversas outras caixas que chegaram.

 

O caminho é árduo... Se foi aberto uma trilha especial dentro do PNT para as abelhas sem ferrão, ainda falta muito para que os caminhos da meliponicultura se abram em terras brasileiras ....
Temos tido notícias de várias iniciativas em vários estados, prefeitos se envolvendo pela causa, muita gente boa e com cargo político ...


O importante é cada meliponicultor fazer a sua parte. Se associar e buscar por seus sonhos unidos ...
Quem sabe que paralelamente uma Mão Maior já esteja trabalhando a paixão por abelhas nativas de algum deputado ou senador !!!?? 

Eu estava devendo uma estória com essas fotos, acho que hoje depois de um ano dentro do PNT a estória foi mais bem contada ....

A AME-RIO agradece a parceria e a oportunidade, pois através dela muitas crianças e adultos já descobriram que existem abelhas naturalmente sem ferrão, e que elas são brasileiras ....

Hoje muitos guias de turistas apresentam as abelhas sem ferrão aos seus grupos, e com certeza o conhecimento foi disseminado ...
Hoje nuvens de abelhas no caminho já não assustam os frequentadores como antes .... pois muitos já passaram a conhecê-las ....
No meio dos caminhos têm muitas pedras
Têm muitas pedras no meio dos caminhos
têm muitas pedras
No meio das pedras podem ter muitas soluções

Medina
RJ




















3 comentários:

  1. Muito linda essa estória!!

    Parabéns !!!

    Grande abraço,

    Ester Capela

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  2. Eu tenho uma colmeia de abelhas Jataí em nosso Apatamento a mais de tres anos

    Carlos Faria

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  3. Uma bela história muito bem contada e o final não poderia ser melhor.

    Mauricio Moreira Martins

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