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domingo, 6 de junho de 2010

Redenção das abelhas nativas

Amigos da AME-RIO,

Como eu já contei para vocês em uma das minhas crônicas, desde que tirei brevê de Internauta, tenho a mania de  navegar em sites de tudo quanto é tipo, hoje, passeando sem rumo pelo imenso mundo das abelhas sem ferrão, me deparei com um artigo publicado no periódico da Universidade Nacional de Colômbia, em setembro de 2006. Embora publicado há quase quatro anos, trata de um assunto extremamente atual e que tem tido bastante comentado nas trocas de mensagens do grupo ABENA e entre os associados da AME-RIO.



Tomei a liberdade de traduzi-lo e gostaria de apresentá-lo para vocês, por favor relevem meus pequenos erros e desculpem meus grandes erros nessa tradução.

Também encontrei na internet um vídeo que mostra parte do trabalho, que resultou nesse artigo. No final da postagem, vocês vão encontrar os links para o vídeo e para o artigo original.

UGA

José Halley Winckler.



Redenção das abelhas nativas


Equipe Periodístico
Unimedios

Na Colômbia, se começa a explorar o potencial que as abelhas têm na regeneração das florestas e manutenção da segurança alimentar. Um estudo revelou 78 espécies de abelhas no Valle del Cauca e nos mostra o seu excelente papel como polinizadores.
Abelhas que, ao invés de voar aproveitando a claridade do sol, como as outras, o fazem durante a noite. Sem ferrão como a Jataí, inquietas, como a Canudo, cor verde metálico, como as abelhas das orquídeas, ou minúsculas como as abelhas do suor, que não são maiores que dois milímetros, estão entre aquelas que integram essa diversidade de espécies nativas de insetos no norte de Valle del Cauca. No inventário do zootecnista da Universidade Nacional Juan Manuel Rosso foram registradas 78 espécies das mais variadas formas, cores e tamanhos, encontradas na vila de Bellavista, no município de El Dovio, a mais ou menos a 1.800 metros de altura. Ele contou com a ajuda de Jairo e Johana Carmona García, jovens da comunidade, quando efetuava um diagnóstico prévio para o desenvolvimento e a gestão integrada de abelhas em agroecossistemas andinos.
Povoado de El Dovio - Colombia
Atualmente, não existe o costume da criação de abelhas como fizeram nossos povos indígenas. Os Mayas, por exemplo, tinham grandes criatórios. Estão incluídos em seus códices figuras alusivas à criação e manejo de abelhas sem ferrão, hoje denominada meliponicultura. Esta tradição foi sendo esquecida com a chegada das abelhas europeias e abelhas africanizadas e o paradigma começou a ser a produção de abelhas meliferas com tecnologia avançada, que deslocou o gosto pelas nativas, até mesmo nos costumes dos camponeses.
A constatação do professor Rosso é que "além de produzir o mel, as abelhas são responsáveis pela polinização de muitas plantas. Elaes contribuem para a regeneração e continuidade das florestas nativas e na mantenção da segurança alimentar das populações humanas." Importante, se tivermos em conta que um terço do que comemos depende da polinização por abelhas e outros animais”.
Os habitantes de El Dovio usavam as abelhas Apis mellifera para produzir mel e as abelhas sem ferrão, para usar o seu mel na medicina tradicional como a cura para pterígios e outras doenças. Ás outras não conheciam ou as confundiam com besouros e moscas. Levar aos moradores o conhecimento da diversidade destes animais e suas relações com as plantas no agroecossistema foi um dos resultados do estudo.
O levantamento foi feito em onze sistemas culturais, de sete fazendas, onde existiam cultivos de granadilla (Passiflora ligularis), lulo (Solanum quitoense), café sombreado, morangos, hortaliças, pomares, pastagens, culturas forrageiras, manchas de floresta e áreas com maior influência humana, como jardins e taludes de estradas. 1390 indivíduos foram capturados, pertencentes a 78 espécies e morfoespécies das famílias Apidae, Megachilidae, Halictidae e Colletidae.


As abelhas foram observadas em tarefas de aproveitamento de recursos alimentícios, recolhimento de materiais para a construção de ninhos de nidificação e dentro de árvores, de  64 espécies. "A idéia era localizar o animal, mas também a flor que ele visitava, para analisar o seu comportamento e o recurso que ele tirava dali", diz Rosso. A flor de granadilla fornece o néctar, a de lulo, o pólen, e as orquídeas, uma fragrância que os machos do grupo Euglossini utilizam para atrair as fêmeas. Todos esses recursos são oferecidos pelas flores para que as abelhas peguem seu pólen e o transportem para outras plantas, trabalho que conhecemos  como polinização. No entanto, essas relações nem sempre são recíprocas. Em particular, isso ocorre em algumas culturas, como o maracujá ou granadilla.
Toma e se vai

Quando a cultura do maracujá está florescendo oferece abundância de néctar para os visitantes: Xylocopa spp. Eulaema spp., Centris sp. Epicharis sp., Apis mellifera e Trigona amalthea. Os quatro primeiros tem o  tamanho certo (entre 3 e 4 centímetros) para fazer contato com as anteras da flor e o transporte eficiente do pólen. Isso resulta em uma relação igualitária. Os outros dois, A. mellifera e T. amalthea, tiram proveito do recurso, mas não retornam o favor "para a planta”. O tamanho do primeiro (cerca de um centímetro), faz com que o transporte de pólen não seja tão eficiente. Ele toma o néctar e se vai. Mas o número de individuos que visitam a mesma cultura, torna-o fator de concorrência real para os polinizadores.
Os indivíduos de T. amalthea simplesmente mordem os botões florais, provavelmente procurando o pólen ou para usar fragmentos da flor para construir seus ninhos. Tal comportamento é pontual, e os agricultores geralmente respondem com a aplicação de veneno, o que os impede de exercer o seu papel como polinizadores de outras plantas, como palmeiras. Além disso, "quando pulverizamos não  eliminamos apenas o que é considerado "pragas", mas outras espécies de insetos polinizadores. Por conseguinte, é importante conhecer em mais detalhe o papel de cada inseto, neste ciclo de vida."
E sobre as populações de abelhas polinizadoras quando as culturas não estão em flor? De acordo com Rosso "aqui é importante ter uma visão integral de agroecossistema para poder manejá-lo a favor dos insetos."
Por exemplo, a classificação das plantas visitadas pelas abelhas mostra que 30% são "ervas daninhas" que, aparentemente, não representam benefícios em fazendas, mas são necessárias para sustentar as populações de abelhas que polinizam as plantas importantes para o homem.  Além disso, existem outros sistemas, tais como as matas, capoeiras e os arredores das casas, que são fontes alternativas de oferta alimentos e de nidificação para as abelhas.
É necessário saber tudo isso e aprender a gerir a diversidade.
Do manejo integrada dos sistemas de cultura depende um cultivo bem polinizado que, por sua vez, resulta no melhor crescimento dos frutos, na composição e qualidade dos açúcares, e na simetria. Tema que se torna muito oportuno, porque há uma crise de polinização no mundo e os países começam a buscar alternativas para garantir esse serviço que é baseado nas populações de abelhas silvestres e domésticas.

Herdeiros do conhecimento

Compreender a relação entre abelhas e plantas em agrossistemas andinos do Vale do Cauca, do ponto de vista científico, não faria nenhum sentido sem a participação do saber popular. Portanto, o estudo contou com a colaboração de dois jovens co-pesquisadores do grupo "Herdeiros do Planeta", o que por vários anos vem trabalhando em questões relacionadas ao meio ambiente.
Para a sensibilização das crianças e dos jovens partiu-se de pinturas e historietas protagonizadas por  abelhas e se concluiu com o desenvolvimento de um teatrinho de marionetes apresentando espetáculos em que as diferentes espécies contavam o seu papel nos ecossistemas.
Os adultos aprenderam sobre a biologia e comportamento das abelhas, que se aplica ao aproveitamento das abelhas em suas fazendas, nas práticas de meliponicultura e outras atividades. Todos abriram os olhos para um recurso de grande importância para a manutenção da biodiversidade e da produtividade que certamente saberão aproveitar.


Fontes:

Redención de las abejas nativas

http://historico.unperiodico.unal.edu.co/Ediciones/93/16.html


Sensibilizacion comunidad Abejas Silvestres – Colombia 

Fladruin  2 de agosto de 2007  Relata la experiencia de la comunidad de Bellavista (El Dovio, Valle del Cauca, Colombia) en el proceso de conocimiento, aprovechamiento y manejo de la diversidad de abejas silvestres en los agroecosistemas de su vereda.


O video acima vale a pena ser visto

Um comentário:

  1. Amigo Winckler,mas uma vez você traz uma ótima matéria,de um assunto super interessante e atual,que é o estudo,a divulgação e a preservação das abelhas nativas,seja no Brasil,ou em qualquer outro lugar do mundo...

    Quanto mais se falar sobre esse asunto,melhor ,pois a grande maioria das pessoas,não sabem da existência das abelhas sem ferrão,pensam que abelha,só existem as ápis...

    Um abraço.
    Paulo Romero.
    Meliponário Braz.
    João Pessoa,PB.

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