Todas as postagens desse blog, são de inteira responsabilidade do colaborador que a fez e refletem apenas a sua opinião.
Caso você tenha interesse em colaborar com esse Blog, por favor, envie uma mensagem para redator@ame-rio.org

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Quem sabe faz ao vivo !!

Hoje dia 24 de outubro de 2010 tivemos um encontro bem movimentado na AME-RJ. Foram três atividades em um só encontro.
Pela manhã foi a prova final do pessoal inscrito no Curso de Mandaçaia. A cada um dos participantes foi incumbida a tarefa de fazer uma divisão. Sem direito a ajuda ou cola.
Logo após o almoço tivemos mais um treino de como julgar méis. Foram 6 amostras deliciosas.
A última atividade foi uma aula prática do Professor Ivan de como montar uma caixa de cimento/vermiculita.
O Ivan é fotógrafo profissional, mas acho que ele na verdade deve ser engenheiro. Cheio de habilidade, ele demonstrou passo a passo como fazer a tal esperada caixa, que pode ser a solução para falta de madeira, apodrecimento de caixas e ao mesmo tempo solução para um melhor controle de temperatura interna.
Bom, agora vou me ater ao passo a passo de como se fazer esta esperada caixa.
Aqui temos uma visão parcial de três unidades. Podem perceber o ótimo acabamento e apesar de ser de cimento, conservar a capacidade de poder trabalhar com os tradicionais parafusos, grampos e dobradiças. Duas delas foram doadas para a AME RJ para teste.
Para iniciar ele montou uma fôrma sobre uma tábua, utilizando pedaços de caibros emparelhados.
Como pode ser visto na imagem abaixo, com a fôrma preenchida, existem três moldes na tábua: Base ou Tampa, uma Lateral e uma Frente ou Fundo.
Os caibros são montados com parafusos sobre a tábua, pois como o Ivan explicou, a vermiculita apresenta muita liga, e é difícil de desenformar. Retirando-se os parafusos e os respectivos caibros, logo temos as peças soltas e facilmente desenformáveis. Sem risco de trincas ou quebras.

Podem notar que para facilitar tantos monta e desmonta, o Ivan provê os caibros com acabamentos de metal, mais resistentes aos parafusos, que devem estar bem afixados.

A fôrma deve estar bem limpa para a próxima fornada. Para isso o Ivan, raspa bem todos os cantos, e depois de remontar toda a fôrma com os 3 moldes, ainda passa uma pincelada de óleo de cozinha. Mas para quem preferir pode usar azeite extra virgem, ah, ah, ah.
Brincadeiras a parte. O óleo é importante, pois nas várias experiências dele até a apresentação, tinha dificuldade de desenformar os moldes. É a tal goma que a vermiculita solta quando molhada.


Essa tal goma da vermiculita é tão chata, que apesar do Ivan estar trabalhando com uma tábua provida com uma fórmica lisa na superfície, ele ainda trabalha, em cada molde, com uma lâmina de acrílico. Essa que está na mão dele. Ele ensina, que mesmo passando, óleo, óleo de cozinha, ou azeite extra virgem, o produto ainda agarra na placa de acrílico. Essa lâmina é sacada junto com a peça seca, ao se tirar os caibros aparafusados. E depois com tudo já fora, fica mais fácil de soltá-la da peça. Vocês devem estar achando estranho. Mas mais para frente vocês vão perceber porque isso acontece, e porque este cuidado do nosso detalhista Ivan.

Assim a fôrma deve ser preparada: Limpa, montada, com uma placa de acrílico no fundo de cada molde. Tudo devidamente untado. Só não precisa esfarinhar com Dona Benta. Como no bolo da vovó, a fôrma fica pronta de lado para o início do trabalho da massa.
Notem nesta próxima foto que o molde da parede lateral da caixa apresenta uma talisca saliente, mas não chega a encostar nas laterais do molde. A razão é para já deixar pronto, na peça a ser moldada, um friso em baixo relevo onde será armada as travas da melgueira. Esta tal talisca se encontra afixada na lâmina de acrílico.
Bom, agora chega ao momento dos ingredientes da massa:
Vermiculita, cimento e água.
Claro que o amigo Ivan, depois de muitas experimentações nos deu uma proporção que já parece ser muito boa, mas segundo ele ainda pode ser melhorada.
Olhem, a prática deste fotógrafo com a receita, ... ele até já quebrou nosso galho e também revelou a quantidade certa para fazer cada fornada: 5 partes de vermiculita fina , uma de cimento Mauá e quase 2 litros de água Perrie. Mas ainda não experimentou com 6 partes de Vermiculita para uma de cimento. Conforme o fornecedor, também pode se usada esta proporção.
Para medida, ele usa o fundo de uma garrafa de 2,5 litros de Coca-Cola.
Gesimar ficou de olho na habilidade do amigo meliponicultor.
Mais uma dica do nosso detalhista construtor: O ponto da massa. Enquanto mistura tudo com a colher de pedreiro, ao se apertar a massa com a dita colher, ela deve ficar lisa. Sem excesso de água, nem farinhenta.

Agora é só colocar tudo na fôrma !!!
Enchendo até a metade da altura do caibro.
Nosso Ivan, tem mais dicas IMPORTANTES para esta etapa.
A primeira camada deve ser bem pressionada, e deve-se usar literalmente o dedo para pressionar os cantos do molde em todo o seu perímetro. Segundo ele isso é muito importante, pois é esta seção da peça que vai receber os parafusos de montagem.
E depois com um compactador manual (bloco maciço), comprimir o restante da área.
Agora é só colocar uma tela de reforço. Essa tela pode ser de arame ou de Sombrite, como no caso dele, que aproveitou a tela de um antigo orquidário. Veja que cabra danado, destruiu um orquidário só para ter caibros e Sombrite suficiente para montar as caixas. O orquidário devia ser dele, senão não teria saído vivo de casa para fazer esta demonstração.
E mais um truque, que só um mestre ensina !!
Neste momento usa-se um Pozinho !! Isso mesmo, um pó Mauá para garantir a unidade da fibra ao bloco.
Aproveitem e verifiquem o fundo falso de acrílico com a talisca que vai dar origem ao friso lateral que servirá de apóio à melgueira.
É importante, também ao se preencher este molde, compactar bem a massa em torno desta talisca, com os dedos, para dar resistência.
Agora ele finaliza o preenchimento da segunda camada do molde e pressiona bem.
Cantos com os dedos e meio com o compactador manual.
Muitos já sugeriram fazer um contra molde para um pressionamento final usando-se um sargento ou coisa semelhante.
Agora um acabamento caprichado. E mais uma dica. Eta homem cheio de dicas !!! “É bom nesta fase usar um pulverizador, que devolve a umidade ideal à massa, sem encharcar.
Altino queria que a espessura da parede fosse mais fina, eu acho que poderia ser mais grossa e com a proporção 6 X 1, afinal queremos isolamento térmico !! PPP estava a pensar em trocar as caixas Dele por este modelo !!
Muitos admirados com um futuro promissor para caixas de meliponicultura. Já houve a sugestão de isolá-las com verniz de própolis.
Pensaram que a aula e o show de dicas acabaram. Isso ainda é pouco para o espírito abnegado do amigo Ivan. É uma caixa de código aberto, estilo LINUX. Uma caixa UBUNTU.
Nesse espírito Ubuntu ele ainda nos mostrou o gabarito de montagem, que poupa tempo e deixa um acabamento de profissional.
Olhem os vários ângulos do gabarito que foi feito para ser preso em uma morsa.
Estando tudo no esquadro, Ivan ainda esclarece que basta usar uma broca de madeira mesmo, fazer um furo mais fino do que o parafuso, colocar cola, e com uma parafusadeira colocar um parafuso do tipo usado em madeira tipo MDF.
E finalmente a caixa pronta:
O Ivan, fotógrafo profissional, estava ocupado nos dando uma magnífica aula, com todos os detalhes e pulos de gato, dessa forma quem foi a autora profissional dessas fotos foi a Mayara, que descarregou a pilha fotografando cada pequeno detalhe. Quase que dá para fazer um filme !!!!
Que a Caixa Ubuntu do Ivan seja bem aproveitada e aperfeiçoada. E que todos que tiveram acesso a este detalhado ensaio cedido pelo IVAN, nos traga também novas informações de aperfeiçoamentos.
Esse é o espírito da AME-RJ - compartilhar conhecimento para que todos os meliponicultores possam ter acesso a melhores informações.
MEDINA

5 comentários:

  1. Bom dia Pedro Paulo, muito bacana as fotos e toda a demontração de montagem da caixa em vermiculita. Tenho interesse em confeccionar uma caixa usando este material, mas esbarro na dificuldade de encontrar vermiculita aqui na minha região. Moro em Montes Claros/MG e pergunto se teria alguma sugestão de fornecedor próximo daqui ou até mesmo aí no seu estado.

    ResponderExcluir
  2. Olá amigo Medina...,

    gostei muito da idéia de usar vermiculita,na fabricação de caixas racionais para abelhas nativas,pois com essa idéia,deixarão deser cortadas muitas árvores por esse país afora...Além de ser muito resistente,não tendo problemas como cupim...,sem dúvidas essa é uma ótima alternativa...

    Parabéns e espero também fazer algumas dessas por aqui,para testar com as abelhas...

    Um abraço.
    Paulo Romero.
    Meliponário Braz.
    João Pesssoa,PB.

    ResponderExcluir
  3. Caro Ivan,

    Boa Noite, cheguei do hospital ontem, motivo de não ter comparecido a magnífica apresentação da construção das caixas usando vermiculita (já tenho um saco de 25 kg e logo estarei usando-o), parabéns também pelo gabarito de montagem que deve dar um toque profissional ao trabalho. Congratulações pelo excelente trabalho, você merece o título de "Mestre Meliponicultor". Abraços,
    Sergio Cunha
    (AME-RIO)

    ResponderExcluir
  4. Sensacional! Obrigado Ivan, por mostrar o caminho no blog.

    Não sei como, só hoje estou vendo esta demonstração.

    Será que dá para usar duas medidas como na caixa de madeira?

    Um abraço.

    Josmar

    ResponderExcluir
  5. Valeu camarada!!! Para os munhecas como eu, seria ótimo um passo a passo como fazer as fôrmas, com as medidas (base, teto, laterais e portas) e das melgueiras. Gostaria de adquirir uma pronta. Quem quizer me ajudar deixo meu e-mail.
    rollim@walla.com

    ResponderExcluir